Vereador é atacado a tiros Rio e é atingido de raspão na cabeça

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Zico Bacana e o carro em que estava: tentativa de homicídio/Reprodução 

O vereador Jair Barbosa Tavares, conhecido como Zico Bacana (Podemos), foi atacado a tiros na noite da última segunda-feira em Anchieta, na Zona Norte do Rio. Candidato à reeleição na Câmara do Rio, ele havia participado de uma partida de futebol em Ricardo de Albuquerque, e estrava num bar, no momento em que teria acontecido um ataque. O político foi ferido de raspão na cabeça e depois levado para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Além de Zico, outros dois homens também foram baleados, mas não resistiram.

Depoimento na DHC
Após deixar o hospital, o vereador passou cerca de três horas prestando depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que segue em busca de informações que ajudem a identificar os autores do crime.

Policial militar, Zico Bacana convive há mais de uma década com acusações de que seria um dos líderes de uma milícia que atua na zona norte do Rio. Então cabo da PM, ele foi citado no relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Milícias, aprovado pela Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) em 2008 , como um dos principais dirigentes de um grupo paramilitar que atuava em comunidades dos bairros de Barros Filho, Anchieta, Ricardo de Albuquerque e Guadalupe.

“Outro (grupo) liderado pelo Sgt Edmilson, Cb. PM Jair Barbosa Tavares (“Zico” ou “Zico Bacana”), Anderson e “Bicudo”, contaria com aproximadamente 50 integrantes e dominaria as milícias no bairro de Anchieta, nas Comunidades do Gogó da Ema e Camboatá em Guadalupe e Cavalheiro da Esperança em Ricardo de Albuquerque”. afirma um trecho do relatório da comissão, presidida pelo hoje deputado federal Marcelo Freixo (PSOL)

Em 2018, ele foi ouvido pela Polícia Civil no inquérito que investiga a execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes. Antes de se eleger vereadora, Marielle assessorou por mais de uma década com Freixo na Comissão de Direitos Humanos da Alerj, e participou dos trabalhos da CPI das Milícias.


Violência na campanha eleitoral
O Rio de Janeiro vive uma onda de violência ligada a disputas políticas e atuação de organizações criminosas neste ano. Desde o período pré-eleitoral, três assassinatos com motivação política ocorreram na Baixada Fluminense. Na semana passada, a cabo eleitoral Renata Castro (foto), que participava da campanha do deputado estadual Renato Cozzolino à prefeitura de Magé, foi morta após denunciar adversários políticos à polícia.

No começo de outubro, dois candidatos a vereador, foram executados em Nova Iguaçu. Domingos Barbosa Cabral, de 57 anos, do Democratas (DEM), foi executado a tiros no bairro Valverde. Em menos de 15 dias antes, Mauro Miranda da Rocha , 41, do Partido Trabalhista Cristão (PTC), foi morto a tiros no bairro Rancho Fundo. O político levou tiros na cabeça, braço e peito. Ele ainda chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na chegada ao Hospital Geral de Nova Iguaçu.

Para desarticular os grupos criminosos —principalmente de milicianos— que têm praticado ações violentas ligadas à eleição, a Polícia Civil criou em outubro uma força-tarefa voltada para investigar a interferência dessas quadrilhas nas eleições.

Duas ações do grupo levaram à morte de 17 milicianos em dois dias na Baixada Fluminense: uma operação no bairro Km 32, em Nova Iguaçu, terminou com cinco suspeitos mortos, enquanto uma ação em parceria com a Polícia Rodoviária Federal na Rodovia Rio-Santos, em Itaguaí, matou 12 homens acusados de fazerem parte do Bonde do Ecko —maior milícia do Rio.