Tribunal do Júri condena quatro acusados pela morte de Anderson do Carmo

Os quatro acusados durante o julgamento no Tribunal do Júri do Rio

Julgamento, que foi dividido em duas sessões, durou quase 24 horas. A próxima será no dia 9 de maio/Reprodução

O Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou, nesta quarta-feira (13) quatro envolvidos no caso do assassinato do pastor Anderson do Carmo, marido da ex-deputada federal Flordelis. Adriano dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis, foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão por falsidade ideológica. Carlos Ubiraci da Silva, filho afetivo, foi inocentado da acusação de homicídio triplamente qualificado, mas condenado por associação criminosa com pena de dois anos e dois meses no semiaberto.

Os outros réus foram o ex-policial militar Marcos Siqueira Costa, condenado a cinco anos e 20 dias de prisão, por associação criminosa e uso de documento falso; e sua esposa, Andrea Santos Mais, que pegou quatro anos e três meses, além de multa. Por ela não ter antecedentes, a pena foi menor.

Veneno na comida
Adriano era réu por homicídio triplamente qualificado e por tentativa de homicídio duplamente qualificada, por conta de episódios em que membros da família teriam envenenado a comida de Anderson, além de ser acusado de fazer parte de uma associação criminosa que articulou a morte do pastor.

O julgamento de quatro dos nove acusados durou quase 24 horas. Pouco antes das 6h, a suspeição oral da acusação foi finalizada. Os advogados de defesa começaram a falar em seguida. O Ministério Público tinha o direito a réplica, mas abriu mão.

Devido ao número de acusados no processo, a juíza Nearis do Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, optou por dividir o julgamento em duas sessões. A próxima será no dia nove de maio.

André Luiz de Oliveira, filho afetivo de Flordelis, não foi julgado nesta etapa a pedido de seu advogado, que teve um problema de saúde. Ainda não foi definida quando acontecerá seu julgamento.

Presa na Talavera Bruce
Flordelis segue presa na penitenciária Talavera Bruce, no Complexo de Gericinó. Flordelis teve seu mandato parlamentar cassado no dia 11 de agosto, após a Câmara dos Deputados ter votado de forma favorável à perda do cargo. O plenário acompanhou a resolução aprovada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Foram 437 votos a favor da cassação e apenas sete contra. A ex-parlamentar foi presa dois dias depois, em Niterói, região Metropolitana do Rio. Ela será julgada junto aos demais acusados, em nove de maio.

Em novembro de 2021, outros dois filhos da ex-deputada federal foram condenados pelo assassinato do pastor no Tribunal de Júri de Niterói. Flávio Santos, filho biológico de Flordelis, é acusado de ser o autor dos disparos de arma de fogo. Lucas Cézar, filho adotivo da ex-deputada, é acusado de ter ajudado o irmão na compra da arma utilizada no crime.

Onze pessoas foram denunciadas pela morte de Anderson/Reprodução

Assassinado a tiros na garagem de casa
O pastor Anderson do Carmo, de 42 anos, foi executado a tiros na madrugada de 16 de junho de 2019, na garagem da casa onde morava com a família em Pendotiba, na cidade de Niterói, Região Metropolitana do Rio.

Flordelis, mulher da vítima, e mais 10 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público (MP). Na época, a então parlamentar não teve sua prisão pedida por conta da imunidade parlamentar.

Segundo o MP, dos 55 filhos biológicos e adotivos da pastora, sete estão envolvidos no crime, além de uma neta e outras duas pessoas. No documento, o MP também cita que, por diversas vezes, Flordelis tentou manipular as testemunhas do processo que investiga a morte de Anderson do Carmo.