Subsecretário de Segurança Pública de Nova Iguaçu participou de acordo com o tráfico de drogas do Rio

Meirelles

Fuzis recuperados das mãos de traficantes do Rio/Reprodução 

De mãos dadas com inimigo

O poder paralelo exercido pelo tráfico de drogas no Rio de Janeiro praticamente obrigou militares a abrir concessões e ‘estender’ a mão ao inimigo. O fato aconteceu em julho de 2004, após um soldado do Batalhão Escola de Engenharia furtar um fuzil da corporação.

De acordo com o noticiário daquele ano, o tráfico exigiu que o Exército retirasse os militares da favela de Antares, comunidade de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, como condição para a devolução da arma. Ducumentos da Justiça Militar revelam que a ação foi negociada com a facção Comando Vermelho por um policial militar. Alguns dias antes, o Exército já havia feito uma negociação com os criminosos para recuperar 11 armas furtadas de um quartel em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio.

O acordo foi alvo de investigação na 2ª Auditoria da Justiça Militar. Em depoimento ao órgão, o então 2º tenente da Polícia do Exército Carlos Meireles Martins Júnior, atual subsecretário de Segurança Pública de Nova Iguaçu, admitiu o acordo com os traficantes, que não queria a presença de policiais e militares na comunidade.

Gerente da ‘boca de fumo’ deu as cartas
Segundo reportagem da Folha de São Paulo, oficiais do Exército e da Companhia de Inteligência participaram negociaram com o traficante Patrick Chimenes. Apontado como gerente da ‘boca de fumo’ de Antares, o bandido havia encomendado o fuzil e negociou a devolução por telefone. O autor do furto foi preso, delatou dois receptadores civis, e a arma foi recuperada no dia seguinte.

A negociação entre o Exército e o tráfico foi intermediada pelo presidente da associação de moradores. O traficante, que foi preso em agosto de 2005 pela Polícia Civil, disse à PM que “havia comprado o fuzil enganado”.

Traficante não ‘caçado’ pela polícia
Ainda de acordo com a Folha, o comandante da 1ª Cia da Polícia do Exército, à época o capitão Emanuel Sales Santos, cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão da arma, após a associação de moradores avisar à facção que as Forças estariam no local até que o fuzil fosse recuperado.

Após a recuperação da arma, ninguém foi atrás de Patrick, denunciado pelo Ministério Público Militar como o receptador do fuzil. O tenente Carlos Meireles, disse que “a PM não foi atrás do criminoso, porque o “objetivo era só resgatar o fuzil”.

Meireles e Gavazzi: estreitas relações
A indicação de Igor Gavazzi para a pasta de Segurança Pública de Nova Iguaçu, tendo como sub na secretaria seu sócio na empresa Porto Gavazzi Construtora e Comercio LTDA, parece planejado. A princípio, não era de conhecimento público que ambos tinham estreita relação há muitos anos. Igor deixou a pasta e seria pretenso candidato às eleições municipais deste ano.

A empresa, aberta em junho de 1987, com capital social de R$ 200 mil, está localizada na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e tem como principal atividade o comércio varejista de materiais de construção em geral. O que mais integrantes do primeiro escalão do governo de Rogério Lisboa tem a esconder. Na próxima edição, o Hora H conta tudo.

 

Reportagem: Antonio Carlos