Sistema S: Justiça adia interrogatório do ex-governador Sérgio Cabral

Cabral

Presidente da Fecomércio-RJ é preso suspeito de desviar verba pública/Reprodução

MPF alega que ainda não tinha dado acesso aos advogados de defesa à delação premiada de Orlando Diniz

A Jusitça adiou os depoimentos do ex-governador Sérgio Cabral, de Wilson Carlos, ex-chefe de governo dele, e do ex-presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, que estavam marcados para ontem. A decisão foi tomada após o Ministério Público Federal (MPF) comunicar ao juiz Marcelo Bretas, da 7° Vara Federal do Rio de Janeiro, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que ainda não tinha dado acesso aos advogados de defesa à delação premiada de Orlando Diniz.

Os depoimentos fazem parte da Operação Jabuti, deflagrada pela Polícia Federal em 2018 e que investiga desvio de recursos da Fecomércio-RJ, Sesc e Senac. A delação premiada de Orlando Diniz foi homologada pelo juiz Marcelo Bretas em junho. As informações do ex-presidente da Fecomércio-RJ resultaram na Operação E$quema S, outro desdobramento da Lava Jato no Rio. Escritórios de advocacia com contratos milionários com a Fecomércio-RJ foram alvos da operação.

Metade do orçamento anual
De acordo com as investigações, as entidades do Sistema S teriam destinado pelo menos metade do seu orçamento anual a contratos com escritórios de advocacia. A força-tarefa aponta que essas entidades do RJ gastaram R$ 355 milhões com advocacia, dos quais “ao menos R$ 151 milhões foram desviados”. Já a delação de Cabral foi homologada em fevereiro, pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Esquema de de R$ 19 milhões em recursos públicos
A Operação Jabuti desvendou um esquema que desviou R$ 10,7 milhões em recursos públicos federais dos cofres do Sistema S, ou seja, Fecomércio, Sesc e Senac no Rio. Os desvios teriam acontecido durante os governos de Sérgio Cabral.

O MPF denunciou Orlando Diniz por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Já o ex-governador e mais 11 pessoas foram denunciadas por corrupção e/ou lavagem de dinheiro. Ele foi preso preventivamente na Operação Jabuti, em fevereiro de 2018. Ele foi solto em junho do mesmo ano, beneficiado por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF.

De acordo com a denúncia do MPF, Orlando Diniz valeu-se por diversas vezes do esquema de lavagem de dinheiro que tinha à frente os operadores financeiros de Cabral, ocultando e dissimulando a origem de mais de R$ 3 milhões.

Ainda segundo a Lava Jato, desde 2003, Diniz contratou, a pedido de Cabral, diversas pessoas como funcionários “fantasmas”, ou seja, que recebiam salários, mas nunca prestaram serviços para o Sesc ou Senac, ou prestavam serviços de interesse particular de Cabral, como chefe de cozinha e a governanta do ex-governador. O esquema movimentou R$ 7,7 milhões, segundo o MPF.