Sequestrador de ônibus é abatido por sniper do Bope após fazer passageiros reféns na Ponte Rio-Niterói

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Jovem sequestra ônibus com 37 passageiros e depois é abatido por policial do grupo de elite do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Mãe do suspeito na Delegacia de Homicídios e governador Wilson Witzel chega após fim do sequestro/Reprodução

Depois de manter 37 passageiros reféns por mais de 3 horas dentro do ônibus da Viação Galo Branco, um sequestrador de 20 anos foi abatido por sniper do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), na manhã de ontem. Willian Augusto da Silva anunciou o sequestro no momento em que o coletivo trafegava na ponte Rio-Niterói. A linha fazia o trajeto entre o Jardim Alcântara, em São Gonçalo, Região Metropolitana, e o bairro do Estácio, no Centro do Rio. Nenhum refém ficou ferido na ação.
Ele foi morto por seis tiros. Exames preliminares revelam que ele foi atingido por dois tiros no tórax, além de disparos no abdômen, no braço esquerdo, no antebraço direito e um na perna esquerda. O suspeito ainda foi levado com vida para o hospital Souza Aguiar, onde chegou com quadro de parada cardiorrespiratória e não resistiu aos ferimentos.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que esteve na ponte após o fim do sequestro, disse que o criminoso não tinha antecedentes criminais. Em entrevista à imprensa no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, Witzel disse ter falado com a mãe do criminoso. “A mãe está muito abalada, se perguntando onde ela errou.” Witzel ainda declarou que vai prestar apoio não só às famílias dos reféns como também do sequestrador.

Ameaçou incendiar o veículo
Silva espalhou garrafas com gasolina e ameaçou incendiar o veículo. De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal, ele estaria armado com uma pistola, uma arma de choque e uma faca. Já a PM disse que a pistola seria de brinquedo.
Antes de o criminoso ser baleado por um sniper, seis reféns haviam sido liberados, entre eles, estava uma mulher que chegou a desmaiar. Pouco depois das 9h, o sniper que estava posicionado sobre um carro do Corpo de Bombeiros fez vários disparos e atingiu Silva, dando fim à ação.

À sombra do 174
A ação trouxe à memória dos cariocas outro episódio semelhante, mas que terminou de forma trágica: o sequestro do 174. Há 19 anos, Sandro Barbosa do Nascimento fez 10 reféns em um ônibus que havia acabado de sair da PUC-Rio e estava na Rua Jardim Botânico. Após mais de quatro horas de negociação, com imagens exibidas ao vivo na televisão, um policial do Batalhão de Operações Especiais fez disparos na hora que o sequestrador deixava o ônibus, com uma arma apontada para a cabeça de uma das reféns, a professora Geiza Gonçalves.
Na ação, Geiza foi baleada e morreu. Sandro ainda foi colocado em um carro da polícia, mas chegou morto ao hospital. As investigações mostraram que ele foi asfixiado por PMs. O sequestrador era um dos sobreviventes da chacina da Candelária, ocorrida em 1993, e teve a sua história contada em dois filmes: o documentário “Ônibus 174”, de José Padilha, e a ficção “Última parada 174”, de Bruno Barreto.

Mãe de sequestrador está em estado de choque
Abalada e em choque com o destino trágico do filho, Renata Paula da Silva, mãe de William chorava muito e chegou a passar mal logo ao chegar à sede da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo (DHNSGI) em um carro da polícia. A família teria dito que Wilian apresentava transtornos mentais.
De acordo com passageiros que estavam no ônibus, um primo de Wilian Silva disse ainda na Ponte Rio-Niterói que o rapaz estava em depressão, apresentava sinais de isolamento e passava muitas horas na internet. “Ele acordava cedo para ajudar o pai que era padeiro, mas ficava muitas horas na internet. Creio que tudo que arquitetou, ele aprendeu na internet. Nós temos que tomar muito cuidado com as pessoas, com esse isolamento”, disse Robson de Oliveira, auxiliar de cartório, relatando o que ouviu do primo de Wilian.

Pensei que fosse morrer’, diz refém de ônibus
Um dos passageiros do ônibus sequestrado contou numa entrevista à à Globo News que foram 4 horas de desespero dentro do veículo. “Pensei que fosse morrer”, desabafou ainda assustado. Um outro refém informou que apesar do susto, o sequestrador deixou os passageiros usarem o celular a todo momento.
“Eu estava o tempo todo falando com minha esposa, minha irmã, minha mãe. Ele não pediu o celular de ninguém. As pessoas estavam conseguindo conversar com seus familiares até enquanto o sequestrador estava em atividade no ônibus”, conta. Hans também relatou que, logo após o sequestrador ser baleado pela Polícia Militar, os agentes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) entraram no ônibus para revistar os passageiros.
“Os passageiros foram revistados pelos policiais, que pediram para a gente descer de dois em dois. Eles estão periciando o ônibus, para que depois a gente possa voltar e pegar nossos pertences que ainda estão no ônibus. Foi aquela coisa desesperadora. Todo mundo se abaixando atrás dos bancos e vimos os policiais entrando no ônibus. Cinco ou seis do Bope, todos bem armados. Assim que o Bope entrou, pediu para que todo mundo ficasse parado com a mão pra cima”.

Witzel afirma que sequestrador segurava isqueiro e incendiaria ônibus quando foi atingido
Em entrevista coletiva, o governador Wilson Witzel afirmou que o sequestrador estava com um isqueiro na mão no momento em que foi atingido por um atirador de elite . Segundo Witzel, ele estava pronto para incendiar o veículo. “O meu papel como governador do Estado é permitir que a polícia tenha tranquilidade para trabalhar, defendendo a correta aplicação da lei penal. Ajudar também na interpretação do que é a legítima defesa da sociedade. Hoje um exemplo claro em que nos tivemos que usar atiradores de elite para neutralizar e abater alguém que estava colocando em risco dezenas de pessoas no ônibus. Dentro do ônibus havia forte cheiro de gasolina, havia pendurado garrafas pets cortadas com gasolina. O criminoso estava com um isqueiro na mão, pronto para incendiar aquele veículo. Durante as conversas, ele demonstrou uma perturbação mental, mas dizia que queria parar o estado”, explicou Witzel.