Professor acusado de assédio sexual chegou a oferecer R$ 250 a uma aluna em Nova Iguaçu

Colégio Novo Horizonte é uma das mais tradicionais instituições de ensino particular da Baixada Fluminense/Reprodução

O professor de matemática Leonardo Bueno e as mensagens de cunho sexual enviadas para as alunas adolescentes/Reprodução

Criminoso enviava pelo WhatsApp mensagens de cunho sexual para as vítimas que eram suas alunas no Colégio Novo Horizonte, em Nova Iguaçu. Já há nove denúncias contra ele

O crime de assédio sexual contra adolescentes, cada vez mais comum, atingiu em cheio uma tradicional e renomada escola particular em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. No começo desta semana, o Colégio Novo Horizonte, localizado no bairro Rancho Novo, virou notícia na imprensa depois que um professor de matemática foi denunciado por assediar sexualmente as próprias alunas adolescentes.

A direção do colégio agiu rápido e, na última segunda-feira (8), demitiu por justa causa Leonardo Bueno. Em um áudio obtido pelo jornalismo da TV Globo, uma das estudantes afirmou que o docente chegou a oferecer dinheiro para uma das vítimas: “Ele mandou mensagem para essa menina oferecendo R$ 250 para ela sair com ele depois da aula”, diz a estudante.

Em nota, a escola informou que tomou conhecimento do caso pelas famílias das estudantes. Disse ainda que as vítimas e seus familiares estão tendo acompanhamento técnico e pedagógico, acrescentando “que não compactua com procedimentos desta natureza e que, em 60 anos de trabalho, jamais houve registro de uma situação como essa.”

Colabora com as investigações
Em conversa com a reportagem, a administradora da escola, Ludmila Gama, esclareceu ainda que não irá fornecer informações sobre o estado psicológico das estudantes e se as mesmas seguem assistindo às aulas normalmente por se tratar de menores de idade. Entretanto, afirmou que a instituição adotou todas “as medidas necessárias e que colabora com as investigações da Polícia Civil”.

Prioridade no caso e mais denúncias
Ao tomar conhecimento dos fatos, o pai de uma das alunas compareceu na escola para relatar o crime e depois registrou um boletim de ocorrência na Delegacia da Posse (58ª DP). Mas, o caso será investigado pela 52ª DP (Nova Iguaçu), que vai apurar outras nove denúncias contra o professor.

Segundo o delegado Celso Gustavo, titular da unidade, por envolver crime contra adolescentes, o caso está sob sigilo e todas as pessoas envolvidas ja estão sendo ouvidas. “Estamos dando celeridade a essa investigação para concluir o inquérito o mais rapidamente possível”, disse.

Entenda o caso
Numa troca de mensagens pelo WhatsApp, o professor, que lecionava no Novo Horizonte há dois anos, chamou uma aluna adolescente para ir ao motel na saída da escola.

Em outra conversa, ele pediu foto de duas estudantes, onde diz que deseja ver a parte íntima delas: “Arruma uma foto dela e sua de biquíni. Só postam de roupa”, disse o acusado. O pai de uma das vítimas procurou a delegacia e registrou o caso.

Culpabilização das vítimas

Se engana quem pensa que em casos de abuso sexual de crianças e adolescentes, o machismo fica de fora. Embora dados do Disque 100 apontem que 70% das vítimas de estupro no Brasil são crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, e que o país ocupe um dos primeiros lugares no ranking internacional de casos, há quem duvide da versão das vítimas.
As formas de abuso vão desde o uso de intimidação física e psicológica, a manipulação, chantagem, ameaça e etc. E não é novidade que o machismo leva à culpabilização da vítima de violência sexual.

Mesmo com as provas de mensagens de cunho sexual enviadas pelo professor para o telefone da adolescente, ainda há questionamentos de quem seria realmente o ‘culpado’.
Nos prints das mensagens, divulgadas em um grupo do município, o professor teria escrito a uma das alunas: “Vamos ver isso aí. Arruma uma foto sua e dela de biquíni. Só postam de roupa. Quero ver a … de vocês”, escreveu se referindo às partes íntimas das adolescentes. Em uma outra conversa ele convidou a menor de idade para ir ao motel: “Meus programas são à tarde. Tipo saída da escola passando por um motel. Vamos?”.

Fica explícito que mesmo com provas, o machismo enraizado não somente desacredita das vítimas, como colabora para a perpetuação dos crimes sexuais e que cultura do estupro é resultado da normalização de comportamentos machistas, que incitam crimes sexuais e várias outras agressões contra as mulheres, independente de suas idades.