Prisão de funcionário do HGNI pode revelar suposto esquema de desvio de medicamentos na Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu

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Victor Belfort é um dos presos por desvio de medicamentos na pasta comandada pelo secretário Manoel Barreto/Reprodução 

Victor Lima Belfort, lotado na Farmácia da unidade, e um taxista, que declarou ser o ‘esqueminha’, foram presos em flagrante no último sábado

O desvio de medicamentos no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), que veio à tona com a prisão em flagrante de dois homens no último sábado, pode revelar um esquema maior em funcionamento na Secretaria Municipal de Saúde. É o que a Polícia Civil irá investigar com base nas declarações prestadas pelos criminosos presos por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com 33 caixas de remédios desviados da farmácia do Hospítal da Posse.

Victor Lima Belfort, de 25 anos, e Francisco José Gomes Camelo, 39, que disse ser taxista, foram detidos no posto de combustível ao lado do Motel Medieval, às margens da Rodovia Presidente Dutra, na altura de Nova Iguaçu. O que chamou a atenção dos agentes foram os dois veículos em poder dos suspeitos: um Hyundai Azera e o outro Fiat Bravo, que estavam com os porta-malas abertos, enquanto os criminosos transferiam dezenas de caixas de medicamentos, de um para o outro.

Atitude suspeita
De acordo com o registro de ocorrência número 052-06106/20202, ao ser questionado pelos policiais, Victor teria afirmado ser funcionário do HGNI e que trabalhava na farmácia da unidade. Já Francisco disse ser o ‘esqueminha deles’ (no plural mesmo, ao se referir a Victor) no suposto desvio de medicamentos.

Outro fato que chamou a atenção dos agentes foi o horário: eram por volta das 23 horas de sábado, uma situação atípica para dois funcionários estarem parados em um posto de combustível transportando um grande volume de antibióticos.

Ainda segundo a ocorrência registrada na 52ª Delegacia de Polícia (Nova Iguaçu), a dupla, que se identificou como servidores públicos municipais e apresentou uma guia de remessa para o HGNI, não soube explicar o motivo de estar parado no posto.

Suposto esquema mancha gestão de secretário da pasta
Denúncias de desvio de medicamentos na esfera pública não são novidades. Em Nova Iguaçu, o esquema criminoso envolvendo funcionários já manchou a imagem de governos, como o do petista Lindbergh Farias, que já respondeu a processos nos Ministérios Públicos do Rio e Federal por improbidade administrativa.

A pergunta que não quer calar é: como o secretário de Saúde, Manoel Barreto, desconhece fatos tão graves, envolvendo servidores da pasta sob sua gestão? Um dos presos usou o termo ‘esqueminha’, que agora se transformou em um dos fios da linha de investigação que será adotada pela Polícia Civil para desbaratar a suposta quadrilha e que pode ser apenas a ponta do iceberg.

 

Reportagem: Antonio Carlos