Policiais são acusados de ajudar milicianos a roubar colega de farda em Nova Iguaçu

Prisão

O sargento Bittencourt está foragido/Reprodução 

Uma investigação da Corregedoria da Polícia Militar e do Ministério Público revelou uma conduta abominável praticada por dois PMs. Eles preferiram ajudar milicianos a cometer crimes do que socorrer um colega de farda que foi vítima dos paramilitares.
Segundo o Inquérito Policial Militar (IPM), o soldado Bilônia e o sargento Bittencourt flagraram uma abordagem de dois milicianos a um PM e seu amigo em Nova Iguaçu. Mas no lugar de prender os bandidos, a dupla escolheu ajudar os milicianos a roubarem seu colega da corporação.

Os criminosos (milicianos e PMs) levaram das vítimas uma moto Yamaha modelo XT 660, uma televisão, um notebook, um smartphone, um relógio, um revólver calibre 38 e R$ 900. No último dia 26, a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros decretou a prisão dos dois policiais, que respondem pelos crimes militares de roubo, concussão e corrupção passiva. O soldado Bilônia se entregou na sexta-feira da semana passada. O sargento Bittencourt, atualmente na reserva, está foragido.

Vítima denunciou os colegas
Os crimes, ocorridos na madrugada de 19 de outubro de 2017 estão detalhados no relatório do IPM, publicado no boletim interno da corporação, e nas duas denúncias do MP contra os policiais que foram denunciados à Corregedoria pelo PM vítima dos agentes. Então lotados no 20º BPM (Mesquita), eles chegaram ao local do crime numa viatura do batalhão.

Diante da situação, os agentes algemaram o PM e seu amigo e os colocaram dentro do veículo da polícia. A partir daí, os PMs e os Daniel de Oliveira Araújo, o Nem 38, e Alexandra Oliveira, o Guaxa passaram negociar a liberação dos dois detidos.

Negociação envolvia pagamento de R$ 20 mil
Inicialmente, todos se dirigiram até a casa de um parentes do amigo do PM, onde policiais e milicianos fizeram buscas e encontraram um revólver calibre 38. De posse da arma, o sargento, o soldado e os dois paramilitares passaram a exigir R$ 20 mil das vítimas. Se o valor não fosse pago, o PM e o amigo seriam levados à delegacia.

A investigação também concluiu que o PM que entregou sua moto aos colegas de farda para ser liberado tentou recuperar, de forma fraudulenta, o veículo. Em depoimento à Corregedoria, um homem que havia vendido o veículo ao agente afirmou “que fora persuadido a realizar uma falsa comunicação de crime informado que a moto teria sido roubada”. O registro foi feito na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque). Atualmente, os três PMs — acusados e vítima — respondem a Conselho de Disciplina e podem ser expulsos da corporação.