Polícia Civil faz ação para prender contraventor acusado da morte de Fernando Iggnacio

Rogério Andrade teve prisão preventiva decretada/Reprodução

Fernando Iggnácio, genro do contraventor Castor de Andrade, foi executado dentro de heliporto na Zona Oeste do Rio de Janeiro — Foto: Luciano Belford/Agência O Dia/Estadão Conteúdo O contraventor voltava de uma viagem à Angra dos Reis, na

A Polícia Civil realizou buscas na manhã de ontem para tentar encontrar o contraventor Rogério Andrade. Ele teve a prisão decretada juíza Viviane Ramos de Faria, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), na última sexta-feira, pela morte de Fernando Iggnacio. Agentes estiveram no condomínio de luxo onde Rogério mora, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade.

Além de Andrade, outras cinco pessoas também tiveram a prisão decretada por envolvimento no atentado, em novembro de 2020: Rodrigo Silva das Neves, Ygor Rodrigo Santos da Cruz, Pedro Emmanuel D’onofre Andrade Silva Cordeiro, Otto Samuel D’onofre Silva Cordeiro e Márcio Araújo de Souza.

De acordo com o MP, Márcio Araújo de Souza é um dos responsáveis pela segurança pessoal de Rogério Andrade, “a quem se referia como ‘Chefe’ ou ’01’. Ele também contratou os demais denunciados para executar o crime”.

As brigas entre Iggnacio e Andrade aconteceram desde o fim da década de 1990, após a morte de Castor de Andrade, “capo” do jogo do bicho no RJ e influente na região de Bangu e Padre Miguel.

O atentado
Fernando Iggnácio de Miranda, genro e herdeiro do contraventor Castor de Andrade, foi executado em 10 de novembro de 2020, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Depois de voltar de Angra dos Reis, na Costa Verde, de helicóptero, Iggnácio foi atingido por vários tiros na cabeça em uma emboscada, no momento em que caminhava em direção ao carro, ao lado da empresa Heli-Rio. Os tiros foram de fuzil 556.

De acordo com as investigações, Rodrigo Silva das Neves e Ygor Rodrigues Santos da Cruz, conhecido como “Farofa”, já trabalharam como seguranças da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Rogério Andrade é patrono da agremiação.
Apontado como chefe da segurança de Rogério Andrade, Marcio Araújo de Souza, que está preso no Batalhão Especial Prisional (BEP), chegou a sofrer uma busca e apreensão durante as investigações.

Levado para prestar depoimento na Delegacia de Homicídios (DH), Araújo, como é chamado, disse não conhecer Rogério Andrade. A polícia já tinha em mãos, porém, um vídeo do circuito interno do Hospital Barra D`Or, de 2017, que mostrava Araújo fazendo a escolta do contraventor. Na ocasião, a mulher de Rogério havia sido baleada e foi atendida na unidade de saúde.

Dentre os denunciados são considerados foragidos Otto Samuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, que é policial militar em São Paulo; seu irmão, o ex-PM Pedro Emanuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, e Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o Farofa.

Armas usadas em outros crimes
A DH também conseguiu apreender quatro fuzis em um apartamento em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, uma semana após o crime. Foram aprendidos um FAL, de calibre 7,62, um AK-47 e um M-16.

As armas foram levadas a confronto balístico e duas delas deram positivo, ou seja, foram usadas para matar Fernando Iggnacio, segundo a polícia: o fuzil AK-47 e o FAL 7,62.
Outras armas, um AK-47 e um M16, foram usadas na morte de outro segurança de Fernando Iggnacio, o policial militar Jorge Crispim Silva Santos. Em 10 de junho, ele foi executado quando entrava em casa, na Rua Félix Bernardelli, também em Campo Grande.

O AK-47 foi utilizado ainda na morte do sargento da PM Sergio Lima Ferraz Filho, o Sergio Monstro, em 25 de abril de 2020, na Rua Gentil de Ouro, em Inhoaíba, em Campo Grande.

Fissuras na família

Houve uma cisão na família gerando uma disputa entre o genro de Castor, Fernando Iggnácio, e o sobrinho, Rogério Andrade. Ao longo dos anos foram inúmeros homicídios das duas quadrilhas, entre eles, os de Paulinho Andrade (filho de Castor) e o de Diogo de Andrade (filho de Rogério).