Polícia Civil afirma que meninos desaparecidos em Belford Roxo foram mortos a mando do chefe do tráfico da comunidade Castelar

Secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, explica a conclusão das investigações/Reprodução/G1

Lucas, de 9 anos; Alexandre, 11, e Fernando, 12, desapareceram no dia 27 de dezembro do ano passado/Redes sociais

Ordem para matar chefe do tráfico do Castelar, conhecido como Estala (abaix0), foi dada por Abelha/Reprodução 

Câmeras de segurança mostram os meninos andando numa rua próximo a uma feira. É a última imagem deles vivos/Reprodução 

Chefe do tráfico da comunidade Castelar pediu autorização para matar os meninos para o chefe da facção, mas não disse que se tratava de crianças

Após meses de investigações, a Polícia Civil do Rio concluiu que o chefe do tráfico da comunidade Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, pediu autorização ao chefe da facção para matar Lucas Matheus, de 9 anos; Alexandre, 11, e Fernando Henrique, 12. Mas o bandido não especificou que se tratava de crianças. As vítimas desapareceram no dia 27 de dezembro do ano passado.

O secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, informou que depois da morte dos meninos, Willer da Silva, o Estala, foi executado no Conjunto de Favelas da Penha, na Zona Norte do Rio, como queima de arquivo.

“Os traficantes do Castelar mataram essas crianças autorizados pela cúpula da facção criminosa. O que a gente tem é que, quando pediu autorização para as chefias que estavam presas, do tráfico, para punir aquelas crianças, não foi falado que eram crianças”, explicou. Segundo a polícia, a repercussão do crime não agradou outros integrantes da facção criminosa.

‘Abelha’ saiu da cadeia pela porta da frente
A morte de Estala foi ordenada por Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, de 49 anos, outro chefe da mesma facção criminosa que estava preso. A execução aconteceu quando o criminoso percebeu que a polícia avançava nas investigações. A morte das crianças foi por causa do furto de passarinhos.

De acordo com a Polícia Federal, Abelha saiu pela porta da frente da cadeia, beneficiado pelo esquema de corrupção na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) comandado pelo então secretário de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro, que está preso e foi exonerado.

Falso acusado e últimas imagens
Em janeiro, familiares das crianças chegaram acusar um suspeito pelo sumiço, mas os investigadores da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) disseram que o homem era inocente.

Dois meses depois, o Ministério Público do RJ encontrou imagens de câmeras de segurança que mostravam os meninos passando por uma rua, perto de uma feira. Eram as últimas imagens deles antes do desaparecimento. Os policiais realizaram uma operação no Castelar, onde as famílias vivem dos meninos vive, em maio deste ano: 17 suspeitos foram presos.

A morte das três crianças era uma das linhas de investigação que a Polícia Civil vinha seguindo no caso. Ainda no inquérito, em julho, depois do depoimento de um homem, que denunciou a participação de um irmão no crime de ocultação dos corpos, os policiais fizeram uma operação com a participação de bombeiros para tentar localizar as ossadas em um rio da região. As equipes chegaram a encontrar uma ossada, mas exames de DNA concluíram que a ossada não era humana.