PMs acusados de receber propina sequestravam traficantes e cobravam dinheiro para que eles fossem libertados

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Os policiais militares do 7º BPM (São Gonçalo) acusados de receberem propina de traficantes sequestravam os criminosos e exigiam mais dinheiro, além do que já era pago semanalmente, para que eles fossem liberados. Em outros casos, os bandidos eram capturados quando o valor da propina ainda não havia sido pago. Era uma forma de pressionar os criminosos. Quando o valor exigido não era pago, os traficantes eram levados para a delegacia e ficavam presos.

– Sequestravam como forma de receber ainda mais rápido a propina, até mesmo aumentando o seu valor. Faziam para que não houvesse inadimplência – afirmou o delegado Fábio Barucke, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), responsável pelas investigações, durante coletiva de imprensa no Centro Integrado de Comando e Controle.

As investigações demonstraram que os policiais recebiam propina para não combater o tráfico de drogas nas comunidades de São Gonçalo. Além disso, revendiam armas e drogas apreendidas nas operaçãoes para os bandidos. Numa situação, um dos policiais chegou a oferecer escolta para um “bonde” (grupo) de criminosos se deslocar, após um traficante ter perguntado a ele se era possível alugar um fuzil da própria Polícia Militar para o tráfico.

 Os valores eram pagos a diferentes equipes, todas operacionais – Grupo de Ações Táticas (GAT), Serviço Reservado (P2) e Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO). De acordo com a polícia, a quantia repassada variava de acordo com o grupo.

Todos os agentes alvos da operação são praças e foram lotados no 7º BPM (São Gonçalo) entre 2014 e 2016. A quantidade de policiais acusados de corrupção representa cerca de 15% do efetivo da unidade, composta por pouco mais de 700 homens. De acordo com a investigação, semanalmente os agentes recebiam cerca de 250 mil reais de propina do tráfico. Segundo a Polícia Civil, essa é a maior operação de combate à corrupção policial já feita no Estado do Rio.