PM afasta comandante do batalhão de Duque de Caxias durante operação que prendeu nove PMs investigados por corrupção

O tenente-coronel André Araújo de Oliveira foi alvo de mandados de busca e apreensão de operação do MPRJ que prendeu nove, PMs denunciados por corrupção

Armas, munições, joias, cadernos de contabilidade, e radiocomunicadores foram apreendidos durante a operação/Divulgação 

Os agentes encontraram R$ 96 mil na casa do capitão Anderson Orrico, chefe do Serviço Reservado (P2) do 15º BPM (Duque de Caxias)/Divulgação

Os agentes apreenderam R$ 120 mil em espécie na casa do subtenente Antônio Carlos dos Santos Alves, lotado no 15º BPM (Caxias)/Divulgação

O tenente-coronel André Araújo de Oliveira, comandante do 15º BPM (Duque de Caxias), foi afastado do cargo, após ser um dos alvos da operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ), desencadeada na manhã de hoje (26), contra policiais militares investigados por corrupção.

Eles mantinham um grupo no aplicativo WhatsApp batizado de “Os Mercenários”, nome também dado à ação de hoje, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que prendeu nove, dos 11 procurados por corrupção, tortura, peculato e concussão (quando um funcionário público usa o cargo para obter vantagens indevidas). Foram apreendidos cerca de R$ 253 mil em espécie, armas, munições, cadernos de contabilidade, joias e radiocomunicadores.

Com o afastamento de André, o secretário de Estado de Polícia Militar determinou a nomeação do coronel Gustavo Medeiros Bastos para assumir o 15ºBPM (Duque de Caxias). Segundo a PM, o oficial, atualmente comandante do 25ºBPM (Cabo Frio), tem mais de uma década de atuação na área correicional da corporação.

André Araújo não foi denunciado na operação desta quinta, porque não há mensagens explícitas que demonstram que ele integra a organização criminosa. Mas, segundo as  investigações, há mensagens do policial Adelmo Guerini, com comparsas dizendo que o tenente-coronel gosta de matar. Por conta disso, ele foi alvo de busca e apreensão.

Em nota, a PM disse que está colaborando com as investigações e que, preventivamente, André Araújo
foi afastado do comando do batalhão de Caxias visando a isenção no andamento do caso. “A Polícia Militar não compactua com desvios de conduta e tem como objetivo a apuração dos fatos”.

O Batalhão de Duque de Caxias foi um dos endereços alvos de mandados de busca e apreensão. Por volta das 9h, em um carro do MPRJ, André Araújo chegou à unidade para acompanhar a operação no local. Os agentes encontraram R$ 37 mil foi encontrados na sala do capitão Anderson Orrico. Somando os R$ 96 mil da casa dele, foram R$ 133 mil apreendidos.

Na residência do subtenente Antônio Carlos dos Santos Alves, lotado no 15º BPM (Caxias), houve apreensão de diversos fuzis, dezenas de munições, pistolas, radiocomunicadores, cadernos com anotações, algemas, cordões e anéis, aparentemente de ouro, e até uma blusa e um boné com emblema da Polícia Civil do Rio. Ainda foram apreendidos R$ 120 mil em dinheiro.

Sequestro e tortura
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) afirma que o grupo sequestrava criminosos mediante tortura e pagamento de resgate, vendia armas, vazava operações e fazia troia, uma espécie de tocaia para surpreender traficantes.

Ainda de acordo com o Gaeco, quatro dos denunciados exigiram cerca de R$ 1 milhão em propina do chefe do tráfico do Cantagalo/Pavão-Pavãozinho, identificado como Leonardo Serpa, o Léo Marrinha, para não prendê-lo em uma operação.

Léo Marrinha morreu em maio de 2020 durante uma operação conjunta das Polícias Militar e Civil no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. Na ocasião, outros 12 criminosos também foram mortos.