PM abre inquérito para apurar mortes de marceneiro e vigilante durante tiroteios em comunidades do Rio 

Armas e drogas apreendidas nas operações/Divulgação

Carla chora ao comentar a morte do marido, o vigilante Denis Paes/Fabiano Rocha / Agência O Globo

A Polícia Militar informou, na manhã desta quarta-feira, que abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) apurar as mortes do marceneiro Gemerson Patrício de Souza e do vigilante Denis Francisco Paes, de 46 anos. O primeiro deixa dois filhos e o segundo, cinco.

Denis foi baleado durante um confrontos entre PMs e criminosos no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, na região centro do Rio. Já Gemerson ficou ferido quando policiais militares e bandidos trocaram tiros no entorno do Morro do Juramento, nas
proximidades da estação do metrô de Tomás Coelho, na Zona Norte da cidade. O porta-voz da corporação, major Ivan Blaz, lamentou as duas mortes.

“Lamentamos esses fatos. Mesmo com a apreensão de dez fuzis, não podemos comemorar, já que vidas foram perdidas”, disse Blaz.

O oficial voltou a dizer que os confrontos começaram após equipes da corporação serem atacadas a tiros pelos bandidos.

Os corpos do vigilante e do marceneiro estão no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio. Ambos foram necropsiados na última terça-feira. O resultado dos exames será encaminhado em até 30 dias para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pela investigação.

O delegado Moyses Santana, titular da DHC, foi procurado para comentar se a especializada apreendeu os fuzis e pistolas dos militares envolvidos nos tiroteios, mas não se pronunciou. A assessoria de imprensa da Polícia Civil também não comentou o caso.

Marceneiro morreu pouco depois de dar entrada

Gemerson morreu pouco após dar entrada no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. Segundo colegas, ele havia saído de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde morava, e chegava a uma loja do Grupo Farme, onde trabalhava, quando foi atingido na passarela que corta a Avenida Pastor Martin Luther King Jr..

“Ele era trabalhador, um excelente marceneiro e estava havia 12 anos na empresa — disse um amigo, que completou: “Era chefe de família. Não culpamos ninguém. Só não queremos que a imagem dele seja manchada. Deixou pais idosos e duas crianças. Ele estava vindo para o trabalho, não merecia isso”, disse um amigo.

Já Denis, morador do Morro dos Prazeres, era segurança de rua e trabalhava mais de dez horas por dia, segundo parentes. Na última segunda-feira, quando encerrou o expediente, pouco depois das 20h30, o vigilante foi baleado perto de sua casa.

A viúva de Denis, Carla Rodrigues da Silva, contou que ele foi levado com vida para o hospital.

“Eu o vi entrando na ambulância, andando. Ele foi para o hospital bem. Ainda chamou pelo meu nome. Mas, hoje (ontem) de manhã, disseram que Denis estava morto. Era meu parceiro de vida”, disse a mulher, chorando muito.