pintor diz à polícia que crime contra idosa e diarista foi motivado por dívida com agiotas

Jhonatan Correia Damasceno, preso pela morte das duas mulheres

Willian, de vermelho, e Jhonatan, de preto, deixam o apartamento após o crime /Reprodução

Disque Denúncia oferece recompensa por informações que levem a prisão de Willian/Divulgação

A diarista Alice Fernandes da Silva foi enterrada no Cemitério de Paciência, na Zona Oeste do Rio/Reprodução

Mulheres mortas no Flamengo: pintor diz à polícia que crime foi motivado por dívida com agiotas Jhonatan Correia Damasceno confessou envolvimento no crime, mas negou que tenha matado as vítimas. Segundo ele, o comparsa, Willian Oliveira Fonseca, cometeu os assassinatos.

O pintor Jhonatan Correia Damasceno, de 32 anos, preso pelas mortes de uma idosa e uma diarista no Flamengo, disse em depoimento à polícia que planejou o crime porque ele tinha dívidas com agiotas e precisava quitá-las.

O crime aconteceu na quinta-feira (9), em um apartamento no Flamengo, e chocou pela brutalidade. Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, e Alice Fernandes da Silva, 51 — foram
encontradas com cortes no pescoço. A idosa teve ainda o corpo carbonizado.

Jhonatan chegou a descontar três cheques da idosa, somando R$ 15 mil, e depois dividiu o dinheiro com o comparsa, Willian Oliveira Fonseca.

“Com o dinheiro do roubo pagou dois agiotas e realizou compras para a residência”, declarou em depoimento obtido pelo g1.

Ele foi capturado na tarde de sexta-feira (10) por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), na Favela de Acari. Segundo a polícia, confessou envolvimento no crime, mas negou ter assassinado as vítimas. Atribuiu os homicídios a Willian, que teve a prisão decretada pela Justiça, mas ainda está foragido.

A polícia esteve na sexta-feira (10) na casa dele, na Favela de Acari, na Zona Norte, mas ele fugiu deixando o chuveiro ligado. Já havia um mandado de prisão por roubo em 2017.

Extorsão
Jhonatan trabalhava como pintor junto com o pai havia sete anos. Eles chegaram a fazer um serviço num outro apartamento do prédio, no 4º andar. Entre março e abril, foram contratados para o mesmo serviço nas janelas do apartamento 1202, de Martha. Em maio, Jhonatan voltou a procurar a dona do imóvel, perguntando se teria mais serviços, mas ela negou. Desesperado com as dívidas, decidiu extorquir dinheiro da idosa e, no início da semana, chamou o amigo para a empreitada.

“Que William ficaria responsável por amarrar e amordaçar a senhora e ele iria aos bancos descontar os cheques que a obrigaria a fazer”, diz o depoimento. Ao chegarem ao edifício na Avenida Ruy Barbosa, por volta das 13h30, o porteiro interfonou para o apartamento de Martha, que liberou a entrada dos dois. Eles usavam máscara e boné para dificultar
uma eventual identificação da polícia.

No apartamento, foram recebidos pela diarista Alice, algo não esperavam. Eles imaginavam que a idosa estaria sozinha em casa.

“Que logo Willian partiu para cima da empregada e a amarrou com um durex que estava na cozinha”.

Jhonatan, então, entrou em busca de Martha, que estava sentada no escritório. Ele a surpreendeu pelas costas, dizendo: “Fique calma, só quero o dinheiro”.

Assustada, Martha respondeu: “Não precisa disso”. O pintor, no entanto, a amordaçou e a amarrou com um lacre que havia levado na mochila.

Nesse momento, ele passou a exigir que ela fizesse cheques para que eles pudessem descontar no banco. E reclamou do primeiro valor preenchido: R$ 1 mil. Em seguida, ela fez outros três cheques de R$ 5 mil cada. Jhonatan foi ao banco, na Rua Marquês de Abranches, por volta das 15h30.

Saques de banco
Em outro depoimento obtido pelo g1, a funcionária da agência bancária que atendeu Jhonatan disse que, por volta das 15h40, um homem negro, magro, pediu para sacar três cheques, todos no valor de R$ 5 mil, totalizando R$ 15 mil”. Como os valores eram altos, ela ligou para a dona da conta.

“Que falou com Martha por telefone (…) e autorizou o saque”, dizendo que “necessitava do dinheiro com urgência. Mas que Martha parecia estar calma e a declarante não notou nada fora do normal durante o contato”, afirmou.

O criminoso pegou o dinheiro e voltou para o edifício. Entrou pelos fundos e tocou duas vezes a campainha. Aos investigadores, ele deu a seguinte versão: “Willian estava visivelmente alterado, que só repetia ‘tá tranquilo, tá tranquilo’, com as mãos cheias de sangue”.

Em seguida ele disse ter perguntado a Willian o que tinha ocorrido, e este “disse que já tinha resolvido tudo”, com uma garrafa de álcool nas mãos.

Antes de ir embora, ele contou que o comparsa ficou alguns minutos no quarto de Martha e, em seguida, entrou no banheiro para lavar as mãos.

Contou ainda que percebeu que a mochila de Willian tinha vários itens pessoais de Martha, mas não soube dizer quais seriam esses objetos. Aos policiais, ele não soube explicar como o comparsa teria ateado fogo no apartamento e insistiu que não viu as vítimas sendo assassinadas.

Sobre a fuga, Jhonatan contou que eles caminharam até a estação de metrô do bairro e seguiram até Vicente de Carvalho, onde desceram e dividiram o dinheiro roubado: R$ 7.500 para cada. De lá foram para a Favela de Acari.

Contou ainda que comprou alguns itens no mercado, pagou parte das dívidas com dois agiotas, e ainda ficou devendo.  Pouco depois, foi preso pela Polícia Civil.

De acordo com a polícia, os dois serão indiciados por três crimes: latrocínio, que é o roubo seguido de morte; extorsão e pelo incêndio no apartamento. (com informações do g1)