PF prende vice-presidente da Câmara Municipal de Nilópolis em operação contra milícia

Vereador Maurinho do Paiol foi preso em casa, em Mesquita

Maurinho do Paiol ao ser preso em casa, em um condomínio em Mesquita/Reprodução

Uma caixa com relógios de luxo foi apreendida na casa de um dos alvos da operação/Reprodução

A Operação Hoste, desencadeada pela Polícia Federal, prendeu na manhã de hoje (10) o vice-presidente da Câmara Municipal de Nilópolis, na Baixada Fluminense. A ação tem o objetivo de desarticular uma milícia que atua na região.

Mauro Rogério Nascimento de Jesus, o Maurinho do Paiol (PSD), que também é PM aposentado, foi detido em casa. Ao todo, 11 pessoas foram presas (quatro são policiais, na operação, que contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Os agentes foram às ruas ainda no final da madrugada para cumprir, no total, 19 mandados de prisão preventiva e 29 de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Capital, nas cidades do Rio de Janeiro, Nilópolis e Mesquita.

As investigações apontam que Maurinho é o chefe do braço da milícia comandada por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que é irmão de Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, morto durante operação da polícia em junho do ano passado.

“Vai ter banho de sangue”
O vereador, ainda segundo as investigações, prometeu uma reação violenta a grupos rivais. “Se machucar um da gente, amigo, vai ter banho de sangue”, disse, em conversa interceptada com autorização da Justiça. “Vai ter que matar os quatro. Não adianta matar só um só e ficar.” Maurinho não especificou quem seriam os rivais nesse diálogo — um dos citados na denúncia do Ministério Público do RJ.

Na casa onde ele foi preso, que fica em um condomínio em Mesquita, os agentes apreenderam uma escopeta. Na hora que os agentes da PF chegaram, Maurinho achou que estava sendo alvo de um ataque e duvidou que eles fossem policiais federais. “Identificação!”, gritou Maurinho. “Identificação é o c*ralho! Senta aí com a mão na cabeça!”, respondeu um agente.

As investigações apontam que o grupo pratica diversos crimes, entre eles a exploração de sinal de tv e internet (serviço irregular conhecido como “gatonet”), o comércio ilícito de cigarros, a venda ilegal de botijões de gás e o controle do serviço de mototáxi.

Organização hostil e agressiva

O nome Hoste é uma eferência “à maneira hostil e agressiva através da qual essa organização de pessoas impunha sua dominação na região”.

Consequências 

Em nota, o PSD Rio informou que o parlamentar Mauro Rogério foi expulso da sigla após a prisão.

A Câmara Municipal de Nilópolis afirmou que soube do caso por meio da imprensa e declarou que aguarda o comunicado oficial da defesa do vereador e da autoridade judiciária para que possa analisar a prisão sob a ótica do regimento interno e tomar eventuais medidas cabíveis.