PF prende pastor por espalhar discurso de ódio contra judeus

Tupirani da Hora Lores é da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo

Líder religioso produziu e publicou vídeos com ataques à religião judaica nos últimos meses/Reprodução

Agentes do Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos (GRCC) da Polícia Federal (PF) prenderam hoje (24) um pastor acusado de promover discursos de ódio contra judeus.

Contra ele havia um mandado de prisão preventiva expedido pela 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A operação Rófesh (que significa ‘liberdade’ em hebraico) também cumpriu mandado de busca e apreensão contra o líder religioso, no bairro de Santo Cristo, na região central do Rio.

Segundo investigações, Tupirani da Hora Lores é responsável por produzir e publicar uma série de vídeos com conteúdo de ódio contra o povo judeu. Investigado há pelo menos um ano por conta dos discursos de discriminação e extermínio, ele foi preso com uma camiseta escrito ‘Não sou vacinado’.

A PF cumpriu os mandados de prisão preventiva e apreensão no Morro do Pinto, bairro do Santo Cristo, onde fica a igreja. Tupirani também teve o celular apreendido. Era do aparelho que ele disparava diversas mensagens discriminatórias em aplicativos.

‘Vermes’
Recentemente, Tupirani ficou conhecido por vídeos com ataques a quem professa a fé judaica. Em um deles, chama os judeus de ‘vermes’ e pede o ‘massacre’ deles. Em outras publicações, ele ofende negros, mulheres e o grupo LGBTQIA+, pede o fechamento do Congresso, inclusive com palavrões, e ‘morte’ aos membros do Supremo Tribunal Federal.

O pastor diz também que ele e seus fieis não serão vacinados contra a covid-19 – Tupirani chegou a distribuir a camisa com a frase ‘Não sou vacinado’ para toda a igreja.

A igreja Geração Jesus Cristo, comandada por Tupirani, é a responsável pelas diversas pichações em muros e calçadas da cidade do Rio, com as inscrições “Bíblia sim, Constituição não” e “2070 Jesus voltará. Não somos maçons”.

O líder religioso foi a primeira pessoa condenada no Brasil por intolerância religiosa. Em 2009, chegou a ser preso, junto com um fiel, pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática da Polícia Civil. A pena pode chegar a 26 anos de reclusão.

Certeza da aplicação da lei
Em nota, a Federação Israelita do Rio de Janeiro (Fierj) afirmou que a prisão do pastor “é a certeza da aplicação da lei contra o racismo que poderá em um primeiro momento conter esse mal que alicerça o ataque a segmentos historicamente discriminados. Em outra vertente, a educação para que as gerações futuras não mais reproduzam o racismo”.