Perícia diz que corpo achado na Baía de Guanabara é de Bianca Lourenço Silva

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Bianca foi sequestrada e atingida por tiros no rosto. Depois, o corpo foi esquartejado/Reprodução

O ex-namorado Dalton Vieira Santana, chefe do tráfico de drogas no Complexo da Penha, é o principal suspeito do crime.

O Instituto Médico-Legal (IML) confirmou, no começo da tarde de ontem o que a família não esperava: Os restos mortais encontrados na Ilha do Governador são de Bianca Lourenço Silva, de 24 anos, que desapareceu no dia 3 de janeiro. A confirmação aconteceu após o instituto finalizar o laudo de perícia necropapiloscópica (das digitais) da jovem. O principal suspeito do assassinato é um ex-namorado, o traficante Dalton Vieira Santana, conhecido como “DT”, um dos chefes do tráfico do Complexo da Penha e da favela Kelson’s, também na Penha., na Zona Norte do Rio.

O cadáver esquartejado foi encontrado por policiais militares dentro de um tonel à beira da Praia do Fundão, em um ponto atrás do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão, na noite da última terça-feira. Para a polícia, as tatuagens nas pernas e no tronco levantaram a suspeita de que o corpo seria da jovem desaparecida.

O secretário da Polícia Civil, delegado Allan Turnowisk, já havia confirmado a informação, disse que vai encontrar o suspeito da morte de Bianca. “Como pai, eu lamento muito a morte (dessa jovem) e entendo a dor desse pai. Como profissional de polícia, eu vou buscar a prisão desse traficante homicida. É o que compete à Polícia Civil”, disse Turnowisk. As investigações estão em andamento pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC)”.

Pai disse ter pressentido tragédia
Moradora da favela Kelson’s, na Zona Norte do Rio, Bianca foi vista pela última vez enquanto era agredida e arrastada na comunidade pelo traficante. “Acordei com uma dor no peito hoje de manhã. Parecia um presságio. Senti que algo iria acontecer. Meu Deus, que dor! Muita dor! Estou passando mal”, desabafou o pai da jovem, professor de artes marciais, de 49 anos, ao jornal ‘Extra’.

Cenas de horror antes da execução
De acordo com a Polícia Civil, Dalton era obcecado pela jovem e a monitorava. No dia em que Bianca foi vista pela última vez, o traficante, armado de fuzil, invadiu a casa onde ela dormia na comunidade aos gritos: “Abre a porta ou euvou arrombar”. Ele foi direto para o quarto, bateu com a coronha da arma na boca da jovem e a arrastou até um veículo Hyundai HB20 cinza, estacionado na porta do imóvel.

A cena descrita foi reconstituída pelos investigadores da 22ª DP (Penha) e ocorreu por volta de meio-dia de domingo, dia 3 de janeiro. Segundo a polícia, Dalton foi avisado por um comparsa, o traficante Enzo da Silva da Silva Costa, o “Da Mamãe KS”, de que Bianca estava na casa de amigos no morro.

Por volta de 12h30m de domingo, Enzo teria visto, por uma brecha da janela, a jovem dormindo no imóvel. Em seguida, o traficante avisou ao chefe sobre a localização dela. Ainda segundo a polícia, em menos de 30 minutos, Dalton já estava no local. Como Bianca estava de biquíni, o ex-namorado mandou que ela vestisse uma blusa para sairem de lá. A jovem respondeu que não iria com ele. Foi então que ela foi agredida com a coronhada no rosto, chegando a aparar o sangue que escorria pela boca com as mãos. Dalton a arrastou à força para o carro, com ajuda de Enzo e outro cúmplice, todos armados.

O casal estava separado desde agosto do ano passado. O fim do relacionamento teria sido uma iniciativa do próprio traficante, que não acreditava que ela aceitaria a separação. Ao contrário do que ele imaginava, logo depois do fim do namoro, Bianca postou numa rede social um desabafo, no qual dizia estar feliz por voltar a viver em paz.

Rosto desfigurado
Ainda de acordo com as investigações, por volta das 8h do dia 4 moradores do morro teriam tomado conhecimento de que o corpo de Bianca estaria no porta-malas de um carro, com o rosto desfigurado por tiros. O veículo seria semelhante ao usado no dia em que ela foi retirada da casa de amigos.