Pazuello desmente notícia de saída do Ministério da Saúde: “Não estou doente!”

Ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello/Carolina Antunes/PR

A cardiologista Ludhmila Hajjar, do Incor, é o nome mais cogitado para assumir o Ministério da Saúde/Reprodução

O ministro da Saúde Eduardo Pazuello contestou as informações veículadas pela imprensa ontem de que tenha pedido demissão por estar com problemas de saúde. Em resposta encaminhada em primeira mão ao blog da jornalista Christima Lemos, ele declarou: “Não estou doente! Continuo como ministro da Saúde até que o presidente da República peça o cargo. A minha missão é salvar vidas”.

Pazuello ainda acrescentou: “pode ter uma substituição? Pode. O cargo é do presidente. Assim como o de qualquer ministro”. Mas até o presente momento, “segue a vida normal”, declarou. Hoje, está prevista uma entrevista coletiva de Pazuello às 16h para um balanço da pandemia, com foco em Acre e Rondônia.

Comunicado ao presidente
Mais cedo, reportagem do jornal O Globo afirmava que o general teria comunicado ao presidente Jair Bolsonaro estar com problemas de saúde e que precisaria de tempo para se reabilitar. Mas, em nota, o Ministério da Saúde afirmou que “o ministro Eduardo Pazuello segue à frente da pasta, com sua gestão empenhada nas ações de enfrentamento da pandemia no Brasil”.

Segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, a cardiologista Ludhmila Hajjar, do Incor e da rede de hospitais Vila Nova Star, desembarcou em Brasília para conversar com o presidente da República.

No final da tarde de domingo, o Planalto confirmou que a médica reuniu-se com Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.

“A Secretaria Especial de Comunicação Social confirma que a médica Ludhmila Hajjar reuniu-se com o Presidente da República, Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, na tarde deste domingo (14)”, disse a Secretaria Especial de Comunicação Social, do Ministério das Comunicações.

Especialista em tratar da Covid
Ludhmilla se especializou no tratamento da Covid. A médica tratou de Pazuello quando o ministro da Saúde contraiu a Covid-19, em outubro de 2020. Além dele, atendeu os ministros Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), além dos ex-presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.

Se a troca na pasta for confirmada, o país teria seu quarto ministro da Saúde desde o início da pandemia, em março de 2020. Antes de Pazuello, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich ocuparam o cargo.

Governo pressionado
Segundo reportagem do O Globo e a Folha de S. Paulo, Bolsonaro vem sendo pressionado por integrantes do Centrão para a saída de Pazuello, por conta da má gestão da pasta durante o período de combate ao novo coronavírus.
Ainda de acordo com o jornal carioca, além de criticarem o trabalho do general na Saúde, os parlamentares disseram que o retorno de Lula à disputa ao Planalto faz o bloco ganhar força para pedir mais espaço na Esplanada dos Ministérios.
O suposto pedido de afastamento de Pazuello acontece no pior momento da pandemia no Brasil. No último sábado, o país registrou o 15º dia seguido com recorde na média móvel de mortes por conta do coronavírus: segundo dados de consórcio de veículos de imprensa, nos últimos sete dias, 1.824 pessoas foram vítimas da doença.

Quem é Quem é Ludhmila Hajjar, cotada para assumir o MS

A cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar, de 42 anos, nasceu em Anápolis, em Goiás, é é formada pela UNB (Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília), com residência médica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ela é diretora de ciência e tecnologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia e coordenadora das UTIs de cardiologia do InCor (Instituto do Coração) e do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, sendo considerada o braço-direito do cardiologista Roberto Kalil Filho, um dos nomes mais respeitados da cardiologia no país. Também é professora associada da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), da disciplina de cardiologia.

Hajjar chefiou a equipe médica do Hospital Sírio-Libanês que foi enviada à Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora, Minas Gerais, para avaliar o quadro de Jair Bolsonaro, então candidado à presidência da República, quando levou a facada, em 6 de setembro de 2018, para verificar se sua transferência a São Paulo seria viável. Bolsonaro foi transferido à capital paulista, mas acabou optando pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

Contra a cloroquina
Em entrevistas à imprensa, Ludhmila já se posicionou contrária ao uso da cloroquina no tratamento da covid-19, defendida pelo governo federal, argumentando não haver comprovação científica, e afirmou que o principal gargalo da pandemia no país é a falta de estrutura das UTIs.