Operações policiais provocam, em média, cinco mortes por dia no Rio, diz Defensoria Pública

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As mortes por policiais no Rio voltaram a subir — mesmo com uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que, no ano passado, suspendeu as operações de forças de segurança durante a pandemia.

Segundo a Defensoria Pública do Rio, há, em média, cinco mortes por dia decorrentes de operações policiais.

“Meu padrasto estava ali, gritando, com o crachá na mão, baleado, falando: ‘Sou trabalhador! Sou trabalhador!’. E simplesmente o policial pegou ele e arrastou como se fosse um lixo, como se fosse um bandido. E ele gritando, falando que era trabalhador, mostrando o crachá”, disse a enteada de Gemerson de Souza.

Ele era marceneiro e, a uma quadra do trabalho, foi atingido por um tiro durante uma operação policial no Morro do Juramento, Zona Norte do Rio.

Dezoito pessoas foram baleadas no Rio entre a noite de segunda-feira (26) e a manhã de terça-feira (27) — nove morreram. Entre elas, seis suspeitos, segundo a polícia.

Isto acontece enquanto está em vigor uma decisão do STF que proíbe operações policiais em favelas durante a pandemia — a não ser, segundo o próprio tribunal, em situações excepcionais, o que tem dado margem a diferentes interpretações.

Desde que a decisão entrou em vigor, em junho do ano passado, 500 operações foram informadas ao Ministério Público. A polícia justifica todas elas.

“Os criminosos começam a ter guerras entre as áreas conflagradas e dentro de suas próprias facções, exigindo intervenção das forças policiais. É importante dizer que todas as ações da Polícia Militar têm sido pautadas dea cordo com aquilo que foi preconizado pelo STF”, disse o porta-voz da PM do Rio de Janeiro, major Ivan Blaz.

A Defensoria Pública diz que as mortes decorrentes por intervenção policial tiveram uma queda de 70% nos primeiros quatro meses após a decisão do Supremo, o que significa, em média, 100 mortes a menos por mês.

Mas os números já voltaram aos patamares anteriores.

“Há um indicativo de que a medida está sendo descumprida, com uma média de cinco mortes por dia. São dados que trazem consternação e revela uma banalização do conceito da excepcionalidade”, avaliou o defensor público Daniel Lozoya.

Fonte: G1