Obra de R$ 2,7 milhões de ponte em Queimados segue emperrada

Deputado federal destinou emenda para reconstrução de estrutura que desabou com as chuva, mas projeto ainda não saiu do papel

Deputado Pedro Augusto e o empresário Márcio Freitas entregam a emenda simbólica ao prefeito Glauco Kaizer/Reprodução

Empresa ganhadora da licitação a para execução da obra, a Procec Engenharia S/A também foi a responsável pela instalação de passarela provisória/Reprodução

A responsável pela obra realizou as marcações, mas não iniciou a construção de fato/Reprodução

A velha ponte cedeu com as fortes chuvas em dezembro do ano passado. Moradores se arriscam na travessia entre os bairros/Reprodução

No apagar das luzes de 2020, uma ponte que faz a ligação entre os bairros Eldorado e Ponte Preta, em Queimados, na Baixada Fluminense, desabou após uma enxurrada. Desde então, a mobilidade dos moradores se transformou em via crucis e os comerciantes amargam prejuízos. Eles culpam o prefeito Glauco Kaizer (Solidariedade) por ‘emperrar’ a obra que não sai do papel, embora os recursos já tenham sido liberados.

A ponte era um dos principais acessos para os moradores da região que ganhou dois condomínios do Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, e mais problemas. Dono de supermercado em um dos bairros, o empresário Márcio Freitas já contabiliza os prejuízos. “Tentei segurar o emprego dos meus 40 funcionários. Está muito difícil porque o movimento do comércio caiu muito após a queda da ponte. Terei que reduzir o quadro e deixar 20 pais de famílias desempregados”, disse Márcio.

Busca de recursos em Brasília
Empenhado na reconstrução da ponte, o empresário chegou a ir à Brasília em janeiro deste ano. Ele conseguiu junto ao deputado federal Pedro Augusto (PSD) uma emenda de R$ 2 milhões para a obra. Em março, o prefeito Glauco Kaizer recebeu o valor simbólico entregue pelo parlamentar e Márcio Freitas.

O valor destinado à obra foi creditado na conta da prefeitura no dia 2 de agosto. Segundo o empresário, o governo esperou o dinheiro ser depositado para 30 dias depois marcar a licitação. “Uma equipe foi ao local para realizar os cálculos de topografia. Instalaram os piquetes de marcação e os geradores. Já se passaram quatro meses que o valor da emenda foi liberado e até agora nada de obra”, observou.

Orçada acima do valor prevista
Segundo informações apuradas pela reportagem, a prefeitura estava dependendo de uma licença do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) para dar início as obras. Mais uma vez, o empresário intercedeu com um pedido ao deputado Pedro Augusto, que conseguiu junto ao secretário estadual do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS), Thiago Pampolha, a liberação do documento. A obra seria iniciada na terça-feira da semana passada (16), o que não aconteceu. O valor já está orçado em R$ 2,7 milhões, muito acima do previsto inicialmente.

A passarela provisória contratada pela prefeitura custou R$ 291 mil/Reprodução

Jogo de cartas marcadas: licitação suspeita 
Em abril, a prefeitura demoliu o que restou da estrutura da ponte que cedeu e construiu uma passarela provisória com acesso somente para pedestres: o custo da obra foi de R$ 291 mil. O fato mais estranho é que a empresa contratada para o trabalho de demolição, com dispensa de licitação, é a mesma que ganhou a concorrência para executar a obra: Procec Engenharia S/A.

Ao instalar a estrutura provisória, a empresa já deixou montado os dois contêineres de sustentação da futura ponte. “Muito suspeita essa situação. O pior é que prefeito não toma uma atitude, não dá explicação”, disse o empresário.