Número de mortos passa de 200 no nono dia de buscas em Petrópolis

Mulher ora sobre os escombros no Morro da Oficina

Bombeiros continuam as buscas no Morro da Oficina, em Petrópolis/Marco Serra Lima/g1

Petrópolis ultrapassou hoje (23) o número de 200 mortos na maior tragédia da história da cidade da Região Serrana. Em nove dias de buscas, 204 corpos foram encontrados e 188 deles já foram identificados no Instituto Médico Legal (IML).

A Polícia Civil informou que, entre as vítimas fatais, há 124 mulheres e 80 homens, sendo 39 menores de idade. Ao todo, 188 corpos foram identificados, e outros 180 liberados.

O IML recebeu ainda partes de outros 10 corpos – nesse caso, não é possível identificar se são de homem ou de mulher. Por isso, será preciso fazer coleta de material genético de parentes.
Pela manhã, os bombeiros encontraram o corpo de um homem dentro do Rio Quitandinha. O resgate foi feito em frente à Catedral São Pedro de Alcântara, no Centro. O homem aparenta ter cerca de 50 anos, segundo os bombeiros. Os oficiais informaram ainda que ele ficou soterrado no assoreamento do canal.

João Carlos teve apenas um ferimento na barriga/Henrique Coelho/g1 Rio

‘Do nada, cedeu a laje e afundou’
Um dos três funcionários de uma estamparia que foi destruída pelo temporal em Petrópolis, na Região Serrana, disse que ele e outros dois funcionários foram surpreendidos pelo volume de água que atingiu a cidade no dia 15 de fevereiro. A estamparia fica na Chácara Flora e os 3 homens sobreviveram.

“Estava chovendo. Daqui a pouco do nada, parece que deu uma tromba d’água, a água aumentou muito e começou a entrar água dentro da estamparia e dentro da casa em que estavam as roupas. Fomos para a estamparia para fazer um buraco para a água passar. Do nada, cedeu a laje e afundou com todos nós”, contou João Carlos da Silva Júnior, de 36 anos.

Apesar da imagem impressionante que aparece em vídeo que circulam nas redes sociais, João teve apenas um ferimento na barriga. “Eu não sei o que caiu. Com certeza foram as pontas do telhado. Ficou um breu. Juninho subiu nos escombros, vi que ele estava reclamando da perna dele, mas saiu. Quando eu vi que nós três estávamos bem, tentamos só nos salvar mesmo”.

“Tinha muita água, tivemos que atravessar a água, tipo uma correnteza, para chegar na casa do vizinho, que era alta e estava protegida”.

Ele contou ainda que tudo aconteceu muito rápido e que todos acharam que iriam morrer. “Achei que ia morrer, aconteceu tudo ali. O sangue ficou tão quente pela vontade de se salvar que parece que a gente não sentiu nada. Ficou um breu. Tu vê que deu o black da câmera. Quando deu o black da câmera, apagou. ‘Morremos'”, contou o funcionário.