Negros têm sete vezes mais risco de serem baleados, diz pesquisa

Editorial

Negros têm de três a sete vezes mais chances de serem baleados pela polícia. É o que aponta um levantamento realizado pelo Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo. Os resultados, da pesquisa Policiamento Ostensivo e Relações Raciais estão sendo debatidos no seminário Policiamento Ostensivo e Relações Raciais, que começou ontem e termina hoje na instituição.

A pesquisa traz informações sobre abordagem, letalidade policial e prisões em flagrante, segundo as características de cor/raça. Dados estatísticos foram coletados, desde de 2016, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Policiais também foram ouvidos.

A coordenadora do Grupo de Estudos Sobre Violência e Administração de Conflitos (Gevac), Jacqueline Sinhoretto, especifica que só foi possível aferir as características raciais nos boletins de ocorrência em São Paulo e Minas Gerais. “Os resultados mostram que chega a ser quatro vezes maior a chance de uma pessoa ser morta pela polícia. Em São Paulo, em alguns anos e em determinadas locais da capital, chega a ser 7 vezes maior as chances de uma pessoa negra ser alvejada pela polícia”, antecipou professora, em entrevista a Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual.

O problema, segundo a pesquisadora, é que o modelo de policiamento ostensivo adotado no Brasil está calcado na busca de atitudes suspeitas. A partir daí, se produz uma “filtragem racial” em que as características corporais e sociais da população negra e periférica são vistas como um risco potencial.