MP dá prazo de 10 dias para Bope explicar a operação com 25 mortos na Zona Norte do Rio

Pelo menos 21 pessoas já chegaram mortas ao Hospital Estadual Getúlio Vargas

Policiais constatam morte de moradora morta no confronto durante operação/Reprodução/Fabiano Rocha / Agência O Globo

Procedimento investigatório criminal foi aberto pelo Ministério Público do RJ e Ministério Público Federal (MPF) após ação sangrenta na Vila Cruzeiro

As 25 mortes da megaoperação na Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte do Rio, serão alvo de procedimento investigatório criminal aberto pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que estipulou dez dias para que o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) envie as informações da averiguação sumária sobre a ação. O prazo consta do procedimento aberto pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada.

A operação é considerada a segunda mais letal da história do Rio de Janeiro, atrás somente da ação no Jacarezinho, em maio de 2021, que resultou em 28 mortes.

O número de mortos subiu depois que dois suspeitos internados sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha, morreram durante a madrugada de ontem (25). A Polícia Militar informou que ao menos 14 eram suspeitos de integrar o tráfico de drogas. Uma das vítima fatais era uma moradora que foi baleada na Chatuba, comunidade vizinha do Complexo de Favelas da Penha.

Planejada há meses
De acordo com o coronel Luiz Henrique Marinho Pires, secretário de Polícia Militar, a operação na Vila Cruzeiro, que durou 12 horas, estava sendo planejada há meses e foi deflagrada para impedir a migração de traficantes para a Rocinha, Zona Sul. As duas comunidades são dominadas pelo Comando Vermelho (CV).

Ministro Luiz Edson Fachin conversou com o procurador de Justiça do Rio/Reprodução

Fachin manifesta ‘muita preocupação’
O Supremo Tribunal Federal (STF) informou nesta quarta-feira (25) que o ministro Luiz Edson Fachin conversou com o procurador de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano de Oliveira Mattos de Souza, e manifestou “muita preocupação” com a operação policial no estado que levou à morte de 25 pessoas.

O ministro é o relator de uma ação que determinou ao governo do Rio de Janeiro a elaboração de um plano de redução da letalidade policial em operações no estado.

“Ao procurador (do Rio), o ministro demonstrou muita preocupação com a notícia de mais uma ação policial com índice tão alto de letalidade na data de ontem”, informou a Corte. “Mas (Fachin) informou que soube da pronta atuação do Ministério Público e que tem confiança de que a decisão do STF será cumprida, com a investigação de todas as circunstâncias da referida operação”, acrescentou o Supremo.