Ministério Público denuncia nove PMs suspeitos de recebimento de propina do tráfico da Cidade Alta

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O Ministério Público do Rio (MP-RJ) denunciou à Justiça, nesta segunda-feira, por meio do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP/MPRJ), nove policiais militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (GAT) do 16º BPM (Olaria). Os mesmos PMs estão presos temporariamente desde o último sábado —na denúncia, o MP-RJ também requer a conversão de todas as prisões em preventivas. O grupo é acusado de ter recebido propina do tráfico durante operação na Cidade Alta, em Cordovil, na Zona Norte do Rio, na madrugada do dia 2 de maio.

O relato sobre o recebimento de propina foi feito pelo traficante Carlos Alberto de Assis Farias, vulgo Cachoeira, preso após a tentativa de retomada da comunidade pelo Comando Vermelho (CV), que havia sido expulso da região por integrantes de uma facção rival, o Terceiro Comando Puro (TCP). Ao receber atendimento médico no Hospital Estadual Getúlio Vargas, ele revelou um acordo entre os policiais investigados, integrantes , segundo ele, do GAT dos Angolanos, para que dessem apoio “na manutenção do terreno conquistado” em troca de propina. A fala de Cachoeira foi gravada por um policial que fazia sua escolta na unidade de saúde. “As diligências investigatórias provindas do Ministério Público, confirmando o teor do discurso do traficante, fazem conhecer fundadas razões que apontam os investigados como autores dos crimes ora investigados”, afirmou a a juíza Tula Mello, da 20ª Vara Criminal da capital, ao decretar a prisão dos suspeitos. A pedido do MP-RJ, a magistrada também determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos policiais.

O traficante fez a denúncia porque disse ter “tomado uma volta” dos policiais, já que pagou para ter apoio na retomada da comunidade, mas a PM prendeu 45 integrantes da facção e apreendeu 36 fuzis. Há suspeita de que os policiais também tenham recebido propina nas outras tentativas da facção de retomar o território, já que todas ocorreram quando o mesmo GAT estava de serviço. O dinheiro teria sido negociado com os policiais por um advogado da facção.