Milícia usava espada samurai para tirar coração de desafetos do bando

Espada- recortar

Equipe de aqentes da Polícia Civil em ação contra a milícia ligada a Orlando Curicica (abaixo). Delegado Gabriel Poiava, da DHNSG, fala sobre o balanço da operação/Reprodução

Arma apreendida durante operação da DHNSG e Gaeco estava escondida debaixo da cama de um dos alvos de busca e apreensão da investigação que mira no bando de Orlando Curicica

Agentes apreenderam uma espada samurai durante a megaoperação realizada ontem pela Delegacia de Homicídios de Niterói, na Região Metropolitana do Rio e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) em vários pontos do Rio, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Rio Bonito, na Região Metropolitana do Rio, para cumprir 74 mandados de prisão contra um grupo paramilitar ligado ao ex-PM e miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, preso desde outubro de 2017.
Durante a Operação Salvator foram cumpridos 25 mandados contra criminosos que já se encontravam detidas. Outras 17 foram também foram presas. A especializada investiga se o objeto era usado para decapitar e arrancar o coração dos desafetos do bando. A espada estava scondida debaixo da cama de um dos alvos de busca e apreensão da investigação.

Agia com crueldade contra seus desafetos
De acordo com a DHNSG, cerca de 100 corpos de vítimas da quadrilha que se instalou em Itaboraí, em janeiro de 2018, estão desaparecidos. Segundo o promotor Rômulo Santos Silva, do Gaeco, os assassinatos eram cometidos à luz do dia, e muitas famílias de vítimas eram ameaçadas e orientadas a não comunicarem à polícia nem mesmo o desaparecimento dos parentes. A polícia procura por cemitérios clandestinos na região de Itaboraí. Os crimes de acordo com o promotor eram praticados com requintes de crueldade.
“Essa milícia é muito violenta. A gente imagina que o número de pessoas mortas esteja mascarado porque muitas famílias eram ameaçadas e não procuravam a polícia para comunicar o desaparecimento do corpo. Em muitos assassinatos, as vítimas tinham membros decepados. Cabeças eram cortadas e até corações eram retirados”, contou o promotor.

Mototaxista ‘informante’ é uma das vítimas
Um mototaxista teve o coração arrancado pelos milicianos após ter sido morto. O grupo paramilitar acreditava que o homem teria dado informações a traficantes sobre um dos integrantes do bando, Wanderson da Silva Oliveira, de 25 anos, o Júnior ou Juninho, que foi morto em março passado.
De acordo com a titular da especializada, delegada Barbara Lomba, os milicianos esquartejaram o homem para demonstrar o poder da quadrilha. “Há dentro da estrutura do grupo quem pratique os homicídios, os chamados matadores… normalmente são as mesmas pessoas que executam os homicídios”, detalha.
O grupo que age é Itaboraí funciona como uma espécie de “franquia” do miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica. Durantes as investigações, a polícia descobriu que o bando usa de muita crueldade durante seus crimes. “Alguns deles (dos milicianos) foram indiciados e presos também por crime de tortura”, acrescenta o delegado responsável pelas investigações, Gabriel Poiava Martins.