Médico Marcelo Queiroga é o novo ministro da Saúde

Marcelo Queiroga é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia/Reprodução

O médico Marcelo Queiroga foi o escolhido para substituir Eduardo Pazuello como ministro da Saúde. Na tarde de ontem, ele se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. A nomeação será publicada na edição de hoje do “Diário Oficial da União”.

“Foi decidido agora à tarde a indicação do médico, doutor Marcelo Queiroga, para o Ministério da Saúde. Ele é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A conversa foi excelente, já conhecia há alguns anos, então não é uma pessoa que tomei conhecimento há poucos dias. Tem tudo no meu entender para fazer um bom trabalho, dando prosseguimento em tudo que o Pazuello fez até hoje”, afirmou Bolsonaro a apoiadores ao chegar no início da noite à residência oficial do Palácio da Alvorada.

Antes de se reunir com Queiroga, Bolsonaro conversou no último domingo e ontem com a médica Ludhmila Hajjar. Mas a negociação fracassou, e a cardiologista afirmou que não aceitaria convite para se tornar ministra. Ela, que se especializou no tratamento da Covid, afirmou que não houve “convergência técnica” entre ela e Bolsonaro.

Quarto ministro na pandemia
Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga será o quarto ministro da Saúde desde o começo da pandemia de Covid, há pouco mais de um ano. O Brasil acumula mais de 278 mil mortes em razão da doença.

Antes de Queiroga, comandaram o ministério o médico e ex-deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS); o médico Nelson Teich; e o general do Exército Eduardo Pazuello.
Natural de João Pessoa, Queiroga é formado em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba, fez residência em cardiologia no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro e Tem especialização em cardiologia, com área de atuação em hemodinâmica e cardiologia intervencionista.

Um dos diretores da ANS
Em dezembro do ano passado, Queiroga foi indicado por Bolsonaro para ser um dos diretores da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A indicação ainda não foi votada pelo Senado Federal.

No currículo enviado ao Senado, Queiroga informou ser diretor do Departamento de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (Cardiocenter) do Hospital Alberto Urquiza Wanderley, em João Pessoa, e cardiologista do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita (PB).

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante entrevista coletiva: “Não vai pedir para ir embora”/Euzivaldo Queiroz/ Ministério da Saúde

Mais cedo, Pazuello admitiu troca na pasta

Em entrevista coletiva ontem, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello , admitiu que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quer substituí-lo, mas que “não vai pedir para ir embora” até quem um nome seja escolhido para assumir o comando da pasta.
“Eu não vou pedir para ir embora. Isso aqui não é uma brincadeira, é o País, é uma pandemia . Isso não pode ser levado da forma que está sendo colocado. Se haverá substituição, cabe ao presidente definir. Ele está nessa tratativa de reorganizar. Enquanto estiver nessa etapa, vida que segue normal”, afirmou o militar ao lado de seus secretários. Todos estavam utilizando máscaras.

“O cargo é do presidente da República e existe essa possibilidade (de sair) desde que eu entrei. Ele está avaliando nomes e eu estou à disposição para ajudar quem quer que seja”, completou. Pazuello ainda comparou sua gestão a uma “missão”, termo comum usado por militares quando eles recebem uma tarefa que deve ser cumprida sem que percalços prejudiquem o resultado final.

“Nas missões, nós substituímos a tropa sem parar de atacar ou defender. Nós não vamos para um minuto, todos os meus secretários, interlocutores e assessores. Todos vão manter a continuidade das ações. Isso aqui é continuidade, e não rompimento. Vocês estão acostumados com político largar a caneta e ir embora, mas aqui não é assim”, disse.

Plano de imunização em atraso
Indicado por Bolsonaro para substituir o ex-ministro Nelson Teich , Pazuello chegou ao comando da pasta quando o Brasil tinha 14.8117 mortos e 218.223 casos confirmados de Covid-19. Hoje, os números são de 278.229 óbitos e 11.483.370 contaminações, de acordo com informações do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Com a vacinação atrasada no País, desde o início de sua gestão Pazuello deixou de assinar encomendas com quatro laboratórios e apresentou 10 planos diferentes para distribuição de imunizantes aos estados.

Entre os episódios recentes que contribuíram para minar sua credibilidade foi a confusão ao distribuir as vacinas para o Amazonas e o Amapá. Após o primeiro passar uma crise causada pela escassez de oxigênio medicinal em hospitais, o Ministério da Saúde inverteu as quantidades de doses de vacinas que seriam repassadas aos dois estados.

A imagem arranhada do ministro fez Bolsonaro cogitar a sua troca no último final de semana, quando o nome da cardiologista Ludhmila Hajjar ganhou força para ocupar o cargo. Ontem, no entanto, a médica intensivista rejeitou o convite alegando que houve “divergência” entre ela e o presidente .

Contrato com 138 milhões de doses da Janssen e Pfizer
Pazuello anunciou ontem a assinatura do contrato com a Janssen e a Pfizer para a aquisição de vacinas contra a covid-19, o que deve garantir 138 milhões de doses ao Brasil até novembro de 2021.

As doses vão chegar de forma escalonada, de abril até novembro deste ano. Serão 100 milhões de doses da Pfizer e outras 38 milhões da Janssen.

De acordo com o cronograma de vacinação apresentado pelo ministro, as 100 milhões de doses da vacina da Pfizer serão entregues de abril até o dia 30 de setembro, no seguinte esquema: 1 milhão em abril, 2,5 mi em maio, 10 mi em junho e em julho, 30 mi em agosto e outras 46,5 mi de doses em setembro.

Ainda de acordo com o cronograma, o Brasil tem 562 milhões de doses previstas até o fim do ano, somando todas as remessas entregues desde janeiro, pelo Instituto Butantan (Coronavac) e Fiocruz (Astrazeneca-Oxford), junto às vacinas de outros laboratórios que já foram compradas ou estão em tratativas.

As outras doses que se somam à previsão são as da Pfizer, Janssen, Covaxin, Sputnik V, estipuladas para chegarem ao Brasil a partir de março.