Médico é preso por estuprar paciente durante cesariana em hospital da Baixada Fluminense

Delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, dá voz de prisão para o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra/Fabiano Rocha / Agência O Globo/Reprodução

Giovanni Quintella Bezerra chega na Deam/Reginaldo Pimenta/Agência O Dia/Reprodução

O crime aconteceu no Hospital da Mulher Hospital da Mulher Heloneida Studart em São João de Meriti

Funcionárias de Hospital da Mulher Heloneida Studart desconfiaram de anestesista e trocaram sala de parto para fazer o flagrante de estupro

O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, foi preso e autuado em flagrante, na madrugada de hoje (11), por estupro. Segundo as investigadores, ele abusou de uma paciente enquanto ela estava dopada e passava por um parto cesárea no Hospital da Mulher em Vilar dos Teles, São João Meriti, município na Baixada Fluminense.

A prisão foi feita pela delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti. Giovanni reagiu com espanto ao saber que foi filmado ao estuprar uma paciente grávida durante a cesariana.

Ao receber ordem de prisão da delegada, o médico foi avisado que o flagrante foi motivado por um vídeo. Ele ergueu a cabeça e perguntou: “vídeo?” Bárbara Lomba classificou o caso como “estarrecedor e inacreditável”.

O especialista deixou a sede da especializada pouco depois das 11h15, levado por agentes da Polinter. Em seguida, foi encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio. A polícia tenta descobrir outras possíveis vítimas do anestesista.

Pênis na boca da paciente
A investigação começou após funcionários da unidade de saúde filmarem o anestesista colocando o pênis na boca de uma paciente quando ele participava do parto dela. A gravação foi produzida após a desconfiança de que o abuso estava sendo cometido pelo médico.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu nesta segunda-feira (11) um processo para expulsar o anestesista. Clovis Bersot Munhoz, presidente do Cremerj, disse que “as cenas são absurdas”.

A Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Saúde, a que o Hospital da Mulher de Vilar dos Teles, em São João de Meriti, está subordinado, repudiaram em nota a conduta do médico anestesista.

Governador pede rigor nas investigações
Após a repercussão do caso, o governador do Rio, Cláudio Castro, pediu rigor e rapidez na apuração da denúncia. “Fiquei estarrecido ao saber do caso brutal do médico anestesista do Hospital da Mulher, em São João de Meriti, filmado estuprando uma paciente. Determinei que haja rigor e celeridade na apuração da denúncia gravíssima. O Governo do RJ dará todo amparo e apoio necessários à vítima“, disse Castro.

Defesa abandona o caso
A defesa de Giovanni Quintella, que seria realizada pelo escritório de advocacia Novais, mesmo grupo que defende Monique Medeiros, acusada pela morte do filho Henry Borel, desistiu do caso alegando não ter interesse.

Anteriormente, os advogados disseram que ainda não tinham acesso aos depoimentos e elementos de provas que foram produzidos durante o auto da prisão em flagrante, mas que se posicionariam em breve.

Fotos expunham pacientes
Em diversas imagens publicadas no feed ou nos stories em destaque, ele aparece sendo fotografado por colegas durante o exercício do trabalho, em salas de cirurgia, aplicando injeções e manipulando equipamentos; em parte delas, é possível ver partes do corpo de pacientes já anestesiados. Em outras, filmava bebês —a reportagem contou quatro crianças recém-nascidas que tiveram o rosto divulgado, além de uma quinta, que é mostrada mas não tem o rosto em destaque.

Segundo a resolução CFM 1974/11 do Conselho Federal de Medicina, “é vedado ao médico, (…) no uso das redes sociais, expor a figura de paciente como forma de divulgar técnica, método ou resultado de tratamento”.

Diploma recente e rotina da profissão
Nas redes sociais, Giovanni se limitava a mostrar o dia a dia nos hospitais, compartilhando quase nada de sua vida pessoal. Ele usava as legendas para falar sobre a profissão: “Faço o que gosto e estou colhendo os frutos” e “vou ganhando meu espaço na profissão que escolhi fazer a diferença”, escreveu, em algumas fotos. Em outra, diz que ser anestesista era um sonho.

Outras cenas mostram o médico dormindo no hospital e se queixando das poucas horas de sono, entre um atendimento e outro. Em publicação feita em fevereiro, o médico mostra seu diploma de anestesista, emitido em 30 de janeiro deste ano pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia.

O documento diz que Giovanni foi aprovado no curso “Suporte Avançado de Vida em Anestesia”, realizado no Rio de Janeiro, com duração de 16 horas. Há, também, imagens dele durante o curso, dizendo que “conhecimento nunca é demais” e que “sabedoria é afrodisíaco”.

Dr. João, divulgou nota em que expressa repúdio pelo crime/Reprodução

Prefeito de São João de Meriti diz estar chocado
O também médico e prefeito de São João de Meriti, João Ferreira Neto, o Dr. João, divulgou nota em que expressa repúdio pelo crime. “É com muita tristeza e descalabro que venho comentar a prisão deste bandido, do anestesista que cometeu aquela monstruosidade no Hospital da Mulher, aqui no nosso município. Essa unidade não é administrada pela prefeitura, é pelo Governo do Estado. Estou, assim como todos, chocado com isso. Sou médico, fiz centenas de partos e o que aconteceu é inadmissível, inimaginável, absurdo… Não há palavras que caibam. A justiça tem que ser feita e o mais rápido possível. Parabenizo muito a equipe que conseguiu denunciá-lo. Toda minha solidariedade à vítima e aos familiares que também acabam sendo afetados”, disse.