Manda-chuva estende os tentáculos na Saúde de Japeri

Rafael Freitas

 O ex-secretário Rafael Freitas e a sua marionete: Rozilene Moraes comandava a pasta somente na teoria/Arte: Jéssica Lemos

Os escândalos envolvendo a Secretaria Municipal de Saúde de Japeri estão trazendo à tona revelações que incluem mentiras e interesses políticos escusos. O fenômeno é comum em administrações amparadas mais por interesses pessoais do que por ações em benefício da população e configura crime de improbidade administrativa.

Na terceira reportagem sobre denúncias envolvendo a gestão do prefeito Cezar Melo (Cidadania), o Hora H apurou com uma fonte que a então secretária de Saúde, Rozilene Souza Moraes dos Anjos, seria uma espécie de marionete nas mãos do ex-secretário da pasta e candidato a vereador Rafael Freitas (PDT).

Ela foi afastada do cargo por ordem expedida pela 3ª Vara Federal de São João de
Meriti, sob suspeita de superfaturamento de contrato na compra de respiradores para tratamento de pacientes com Covid-19 no hospital de campanha do município. O prejuízo aos cofres públicos seria de R$ 1,8 milhão.

Na última quinta-feira, a ex-secretária prestou depoimento na sede da Polícia Federal de Nova Iguaçu sobre as suspeitas de superfaturamento na compra dos equipamentos obsoletos. Segundo informações, Rafael teria oferecido um advogado para
acompanhá-la

Apadrinhada pelo ‘chefe’
De acordo com a fonte, Rozilene Moraes é apadrinhada política de Rafael e, antes de assumir o comando do órgão, foi chefe de gabinete do então secretário de Saúde. Sem poder de decisão, sua gestão era orquestrada pelo ‘ex-chefe’ que, mesmo tendo se desincompatibilizado do cargo para concorrer as Eleições 2020, teria carta branca do governo para mandar e desmandar.

Segundo apurou a reportagem, no mês passado o prefeito Cezar Melo e a então secretária, ao lado de Rafael Freitas, já como pré-candidato, realizaram uma reunião com todos os administradores de postos de saúde e coordenadores de programas do órgão para um comunicado importante.

Um dos profissionais de saúde que participou do encontro relatou que Cezar Melo foi categórico ao comunicar que Rafael era quem comandava o órgão, sendo que os servidores deveriam se reportar a ele para resolver questões de rotina. O
discurso político do prefeito em favor do ex-secretário teria provocado constrangimento a Rozilene Moraes, que esperava total poder para comandar o órgão.

O quarteto fantástico da política de interesses
As circunstâncias políticas que estreitaram a relação entre o prefeito, Rafael Freitas e Rozilene Moraes tem mais um personagem que, a priori, não deveria integrar o grupo. Entretanto, essa aliança pautada em interesse está cada vez mais
forte às vésperas das eleições de 15 de novembro. Na próxima edição, o Hora H conta os detalhes.

Reportagem: Antonio Carlos.