Jovens promessas do futebol eram mantidos em cárcere privado em Caxias 

As crianças e adolescentes eram mantidos em cárcere privado em sítio em Xerém/Reprodução 
Mantidos em um sítio em Xerém, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, adolescentes e jovens que tinham o sonho de ser jogador de futebol, disseram estar chocados com a prisão de Jorge Valnei dos Santos, responsável pelo local, na última quinta-feira. É a segunda vez que ele é preso por manter em cárcere privado jovens de vários estados com a promessa de contratos em clubes de futebol do Rio de Janeiro.
Vindos principalmente do Norte do País, de estados como Pará e Amazonas, muitos dos 17 resgatados pela polícia e pelo Conselho Tutelar na última quinta-feira depositaram suas esperanças na possibilidade de um teste nos principais clubes do Rio.
Investigadores da  61ª DP (Xerém) informaram que os pais pagavam de R$ 400 a R$ 500 para Jorge ficar responsável pelos garotos. Ele retinha todos os documentos dos jovens. A polícia estima que o criminoso tenha arrecadado R$ 100 mil, e investiga se ele comandou o esquema de dentro da cadeia, com ajuda de outras pessoas ainda não identificadas. Jorge, que já havia sido preso pelo mesmo crime em 2020, não possui registro para atuar como agenciador.
“Eu fico pensando, poxa, será que eu vou poder retribuir todo esse custo, né, esse valor? Até comentei com a minha mãe, falei que eu ia lutar, batalhar, pra dar um futuro melhor pra minha família porque a dificuldade que a gente passa não é nada fácil lá em Manaus, e a gente não tem tanta oportunidade”, disse Paulo Vitor Sanches, um dos rapazes resgatados pela polícia.
Pais e responsáveis legais disseram que mantinham contato com os jovens e com Jorge. Segundo eles, não havia sinais de maus tratos ou de manutenção deles em cárcere privado.