Jornalistas afegãos são detidos e espancados pelo Talibã

Jornalistas mostram ferimentos após serem espancados pelo Talibã em Cabul/Etilaatroz/via Reuters

AFEGANISTÃO – Dois jornalistas afegãos foram espancados pelo Talibã depois de serem detidos enquanto cobriam um protesto pacífico de mulheres na capital Cabul, na última terça-feira. A manifestação foi reprimida com violência. Quatro pessoas foram mortas, segundo denunciou a ONU.

“Por cerca de 10 minutos, cerca de sete ou oito pessoas nos espancaram o máximo que podiam. Erguiam varas e nos espancavam com toda a força”, afirmou o jornalista Taqi Daryabi. “Depois que nos venceram, que viram que tínhamos desmaiado, nos levaram para nos trancar em uma cela”.
“Não importa o quanto eu tentei dizer a eles que eu era um repórter e não estava incitando a violência, eles não ouviram. Eles até zombaram de mim. Eles disseram ‘Você é um repórter? Você mostra esses protestos e os espalha?’. Eu apenas gritei”, relata o outro jornalista, Neamat Naghdi.

Zaki Daryabi, fundador e editor-chefe do jornal “Etilaat Roz”, onde os dois trabalham, compartilhou nas redes sociais as imagens das lesões: um deles ficou ferido com marcas largas e vermelhas na parte inferior das costas e das pernas e o outro, com marcas semelhantes no ombro e no braço.

O Talibã tem prometido que vai permitir a atuação da mídia e respeitar os direitos humanos, embora afegãos e a comunidade internacional duvidem da promessa.

Protesto de mulheres
Protestos, sobretudo os liderados por mulheres, representam um desafio para o novo governo do Talibã, que está tentando passar uma imagem de maior moderação ao Ocidente (apesar de a realidade mostrar o contrário).

Em 18 de agosto, três dias após o Talibã tomar a capital Cabul e voltar ao poder após 20 anos, ao menos três pessoas morreram após o grupo extremista reprimir um protesto em Jalalabad.