Inspiração para criação do Dia do Herói da Luta contra a Covid-19

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Profissionais de saúde enfrentam cotidiano mais pesado para atender pacientes vítimas da pandemia

O cotidiano de trabalho ficou mais pesado, além da exigência emocional, que também aumentou para profissionais de saúde que atenderam e seguem atendendo pacientes com a Covid-19. A enfermeira da Polícia Militar (PM) Michelle Lobato é uma dessa pessoas que tiveram rotina totalmente modificada por causa da pandemia e chegou a atender de 70 a 80 pacientes por dia, enquanto a médica Cláudia Calvano, também da PM, ampliou cuidados para trabalhar e preservar a família.

Michelle Lobato atua no Hospital Geral de Duque de Caxias e no Hospital da Polícia Militar, em Niterói. Ela chegou a atender também no Hospital Central da PM, no Estácio, no período de isolamento. “A rotina de trabalho ficou mais árdua e cansativa. Precisava chegar mais cedo para o preparo, colocar os equipamentos de proteção e receber os pacientes. Não tinha hora para sair, pouco tempo de descanso e muitas tarefas durante o plantão, que exigem raciocínio rápido e preciso. Tudo com muito cuidado para prevenir a contaminação”, disse a enfermeira.

Humanização
Lobato ressaltou que a enfermagem já é por natureza uma profissão voltada para humanização, pois engloba o cuidado com o corpo, mente e todas as necessidades humanas. Mas, com a pandemia, as necessidades dos pacientes aumentaram devido à sensação de medo e insegurança.

“Nós tratamos de pessoas portadoras de sentimentos, nós não focamos só na doença. Quando a gente se dá conta, está conversando com o paciente sobre a nossa família, nossos filhos, sobre a nossa rotina, porque o paciente conversa e desabafa. Ele tem a equipe de enfermagem como as pessoas que estão mais próximas dele. É um momento de muita carência e vulnerabilidade”, acrescentou a enfermeira.

Além da função
Não são raras as situações em que os profissionais se envolvem e prestam ajuda que vão além do atendimento médico.

“Atendi uma senhora que estava muito ansiosa, a pressão dela não baixava, então perguntei se ela tinha alguém da família para ligar. Fiz uma videochamada para seu filho, e ela se acalmou. A pressão melhorou, e a ansiedade foi diminuindo. Nossa vontade é ajudar todos eles e dar conforto emocional, mas, por causa da grande demanda, da quantidade grande de pacientes, às vezes não conseguimos”, comentou.

Impacto causado pela pandemia na vida pessoal
Com seus 27 anos de experiência em emergências e em alas de pacientes internados, a médica Cláudia Calvano fala sobre o impacto causado em sua vida pela pandemia.
“Viver essa experiência da pandemia foi completamente diferente de tudo o que já havia presenciado. Nossa rotina de trabalho foi completamente modificada para atender essa nova demanda com suas peculiaridades. Eu me lembro de como fomos nos unindo enquanto equipe diante de algo completamente novo e desafiador pela gravidade que se impunha para muitos dos pacientes infectados. Não há qualquer possibilidade de um profissional de saúde envolvido no atendimento de pacientes com Covid ser a mesma pessoa que foi antes da pandemia”, afirmou.

Homenagem
As histórias dessas pessoas e suas ações na linha de frente ao combate ao novo coronavírus foram as inspirações para a criação do Dia dos Heróis e Heroínas na Luta Contra a Covid-19 no calendário oficial do Estado do Rio. A homenagem foi definida pela Lei 8.947/2020, sancionada pelo Governo do Estado e publicada no Diário Oficial no dia 24 de julho. A data, dia 15 de abril, se refere ao dia em que morreu a primeira agente de segurança pública com Covid-19 no Estado do Rio.