Grávida achada morta na linha do trem pode ter sido morta por traficantes  no Rio

Grávida-02 - manchete (1)

Cartaz de desaparecidos de Thaysa Campos. Mãe chora: “Muita dor no meu coração”/Divulgação/Rafael Nascimento de Souza

Uma das linhas de investigações aponta que o tráfico executou jovem

A jovem grávida de oito meses, que foi encontrada morta na manhã de hoje (10) na linha de trem em Deodoro, na Zona Norte do Rio, pode ter sido morta pelo tráfico da favela do Triângulo. É o que acredita a delegada da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), Elen Souto, responsável pelo caso.

Thaysa Campos dos Santos, de 23 anos, desapareceu na quinta-feira da semana passada. A família da jovem ficou sabendo que ela estava com traficantes na madrugada de quinta para sexta-feira. As investigações apontam que ela morreu em uma favela dominada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), mas também frequentava comunidades controladas pelos rivais do Comando Vermelho (CV).

“Essa atitude de frequentar comunidades controladas por facções rivais, pode ser interpretado por traficantes como informante, X9. E a gente sabe que essa desconfiança pode ser uma grande motivação para que esses criminosos cometam homicídios”, explicou a delegada Elen Souto.

Outra suspeita
Outra linha de investigação apurada pela DDPA é de que o pai da bebê e a esposa dele possam ter algum envolvimento com o assassinato de Thaysa. A Polícia Civil tem informações de que o casal também tinha conhecidos na comunidade do Triângulo. “O pai da criança era casado e nós sabemos que a mulher dele já havia dito categoricamente que essa criança não nasceria”, disse a delegada.

A delegacia especializada ainda apura uma terceira hipótese, de que ela possa ter sido morta por conta de uma discussão com a esposa de um miliciano, duas semanas antes de seu desaparecimento. Na ocasião, a mulher teria chegado a agredir a jovem grávida.
Thaysa já estava na reta final da gravidez e foi morta após ir na favela para pegar uma bolsa de maternidade. “Pode ter sido uma emboscada”, afirmou a delegada. “O chá de bebê seria no domingo. Apesar de se mãe solteira, ela queria essa criança. O enxoval e lembrancinhas da bebê já estavam prontos. A pessoa que matou ela tem plena consciência de que estava matando duas vidas”, explicou Souto.

Por conta do estado avançado de decomposição do corpo, a perícia da Polícia Civil não pode afirmar qual foi a causa da morte da jovem. No entanto, foi constatado que Thaysa não tinha sinais de aborto.

“Só quero saber quem matou minha filha”, diz mãe
A psicopedagoga Jaqueline Tavares Campos, que mora em Brasília, veio ao Rio prestar depoimento à polícia e tentar ajudar de alguma maneira a elucidar o desaparecimento da filha. Foi numa sala da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), na tarde de ontem, no entanto, que ela recebeu dos parentes a notícia que tanto temia: a jovem foi encontrada morta, na estação de trem de Deodoro, na Zona Norte, bairro onde vivia.

“É muita dor no meu coração saber que a minha filha não volta mais. Milha filha, infelizmente, foi embora dessa maneira; eu só quero justiça e saber quem matou a milha filha”, disse aos prantos, após prestar depoimento.

 

Fonte: Jornal Extra