G20 discute meta para limitar aumento da temperatura a 1,5ºC, mas não fala em data para neutralidade de carbono

Os esforços para se alcançar a neutralidade de carbono foi outro tema acordado

Líderes de países do G20 em foto de 30 de outubro de 2021/Yara Nardi/Reuters

Os líderes das 20 principais economias do planeta, o G20, debatem neste domingo (31), em Roma, medidas para conter as mudanças climáticas. Segundo fontes ligadas à AFP, AP e Reuters, o grupo acordou em limitar o aquecimento global a 1,5ºC e encerrar financiamentos públicos a novas usinas a carvão.

A meta de limitar o aumento da temperatura neste século a níveis “muito abaixo de 2°C” foi acordada em 2015, no Acordo de Paris. Agora, os líderes do G20 retomam a meta, mas não afirmaram quando ela deverá ser alcançada. Segundo a AFP e AP, o acordo diz apenas “por volta da metade do século”.

Por outro lado, apesar de algumas potências do G20 ainda serem dependentes do carvão para geração de energia – como China e Índia -, o grupo defendeu a suspensão dos subsídios a novos projetos de usinas a carvão no exterior já para este ano.

“Vamos encerrar a concessão de financiamento público internacional para novas usinas a carvão até o final de 2021”, indica o texto negociado durante a cúpula do G20 obtido pela AFP.
Porém, o documento não estabeleceu uma data para a eliminação da energia a carvão no mundo, prometendo fazê-lo “o mais rápido possível”.

“O G20 deve assumir um compromisso especial para interromper a construção de novas usinas a carvão a partir deste ano e acabar com o subsídio aos combustíveis fósseis a partir de 2025”, afirmou Friederike Röder, vice-presidente da ONG Global Citizen.

“Não passam de medidas obscuras em vez de ações concretas”, disse Röder.

Os países do G20, que inclui Brasil, China, Índia, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, são responsáveis por 80% das emissões em todo o planeta de gases de efeito estufa.

Diferente das emissões nas grandes potências, no Brasil – que está isolado neste encontro da cúpula mesmo com a presença do presidente Jair Bolsonaro em Roma -, o grande vilão do clima não é a queima do carvão, mas o desmatamento e a pecuária.

Zerar emissões de carbono
Os esforços para se alcançar a neutralidade de carbono foi outro tema acordado neste domingo.

Em 2019, A União Europeia se comprometeu a zerar o saldo de emissões de CO2 em 2050. Agora, contudo, o documento final do G20 diz que os planos nacionais sobre como reduzir as emissões de carbono serão fortalecidos “se necessário”, e não faz nenhuma referência específica a 2050 como ano para atingir as emissões líquidas zero de carbono. A informação é da Reuters.

Este ano, especialistas climáticos das Nações Unidas alertaram que a meta de limitar a 1,5º C o aumento da temperatura na Terra deve ser alcançada para evitar uma aceleração dramática de eventos climáticos extremos, como secas, tempestades e inundações. Para isso, o painel climático da ONU recomendou que as emissões líquidas zero sejam alcançadas até 2050.

O G20 também não estabeleceu uma data para a eliminação gradual dos subsídios aos demais combustíveis fósseis em busca de energia limpa, dizendo, segundo a Reuters que se esforçarão para fazê-lo “no médio prazo”.

Ainda neste último dia de cúpula, o s países do G20 reafirmam o compromisso, até agora não cumprido, de mobilizar 100 bilhões de dólares para os custos de adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento.

Bolsonaro isolado
Apesar de ter viajado a Roma para o encontro dos líderes do G20, a participação de Bolsonaro tem sido marcada por uma agenda esvaziada e de isolamento.

Mesmo com poucos encontros agendados, o presidente não participou na manhã deste domingo do passeio dos líderes do G20 por Roma, que tiraram uma foto na Fontana de Trevi, conhecido ponto turístico.