Força-tarefa da Polícia Civil prende Macaquinho da milícia na Zona Norte do Rio; na Baixada, braço armado de Tandera é capturado 

Miliciano-01 - Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho, era chefe da milícia em comunidades das Zonas Norte e Oeste do Rio/Reprodução/Arquivo Pessoal

Pichação no Campinho faz menção a Leleo, Playboy e Macaquinho/Arquivo pessoal

Suspeito de pertencer à milicia preso em operação no Campinho utilizava roupas camufladas/Reprodução/Arquivo Pessoal

 

Miliciano tentou se esconder, mas acabou capturado por agentes da Polícia Civil/Reprodução

A força-tarefa da Polícia Civil prendeu ontem Edmilson Gomes Menezes, conhecido como Macaquinho. O bandido é apontado como o chefe da milícia que atua em comunidades do Rio: Barão, Divino e Chacrinha, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, e nos morros do Fubá, Jordão e do Campinho, na Zona Norte.

De acordo com o agentes, Macaquinho” escapou de um cerco, no Campinho (onde morava) e tentou se esconder na casa de um vizinho, mas acabou capturado. O paramilitar já foi denunciado duas vezes à Justiça pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual (MPRJ).

A prisão contou com o apoio de um grupo de 20 agentes do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com apoio de dois helicópteros. A ação também prendeu os irmãos Diego Lucas Pereira, o “Playboy do Campinho”, apontado como segurança de “Macaquinho”, e Leonardo Luccas Pereira, o “Leleo”, chefes do grupo criminoso.

Escritório do Crime
O Edmilson foi investigado por suas conexões com o Escritório do Crime, formado por assassinos de aluguel que atuaram durante anos a mando de organizações criminosas no Rio. O vínculo foi descoberto pela Delegacia de Homicídios e o Ministério Público.

O depoimento de um integrante do próprio grupo, que fez um acordo de delação premiada, revelou que o bando estaria por trás de assassinatos, como o do major da PM Alan Luna, em 2018, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A investigação liga três pessoas ao crime: os irmãos Leleo e Playboy e Macaquinho.

Macaquinho havia rompido ligações com Wellington da Silva Braga, o Ecko, que dominava Santa Cruz, e se aliou a Danilo Dias Lima, o Tandera.

Bonde morto em confronto
O estopim para o racha veio em outubro do ano passado quando um grupo em quatro carros da milícia foi interceptado por equipes da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal na BR-101, em Itaguaí. Na ação, 12 milicianos morreram, incluindo uma liderança da quadrilha. Os chefes do bando começaram a desconfiar um do outro, acreditando em um suposto vazamento da informação.

Outro suspeito de integrar uma milícia também foi preso por agentes da 22ª DP (Penha). Edimar Ferreira Baia, integrante da milícia que foi chefiada por Ecko até sua morte, em junho, foi capturado no acesso ao Morro dos Prazeres, no Centro do Rio.

O suspeito, com mandado de prisão em aberto por organização criminosa, estava foragido desde 2016 e vinha sendo monitorado pelo setor de inteligência da delegacia. Edimar era conhecido por recolher dinheiro de moradores de diversos condomínios em Campo Grande, na Zona Oeste, com uso de armas de fogo.

Contra Denys Cleberson da Silva Vieira, o Sardinha, havia um mandado de prisão preventiva em aberto por duplo homicídio mediante tortura/Reprodução

Braço da segurança do Tandera é agarrado
Em outra ação ontem, a Polícia Civil prendeu o responsável pelo braço armado da ‘Firma’, milícia que sucedeu ao ‘Bonde do Ecko’ nas áreas da Zona Oeste do Rio e na Baixada Fluminense. Contra Denys Cleberson da Silva Vieira, o Sardinha, havia um mandado de prisão preventiva em aberto por duplo homicídio mediante tortura.

Com ele, a polícia apreendeu uma pistola com kit rajada, uma réplica de farda da PM com nome de guerra Sarda e duas espadas — usadas para intimidar os moradores.

De acordo com agentes da 17ª DP (São Cristóvão), Sardinha é responsável pelo GAT da Firma, grupo batizado em alusão ao Grupo de Ações Táticas da Polícia Militar. O bandido é conhecido pelo terror imposto aos moradores e virou homem de confiança do miliciano Tandera, chefe do bando em Nova Iguaçu.

Morte por espancamento
As investigações apontam que um homem encomendou a Sardinha o assassinato do próprio enteado, que o flagrou estuprando a irmã, também enteada. O padrasto queria eliminar a única testemunha do crime, segundo a polícia.
Sardinha, então, pediu a um primo para chamar o jovem e outro amigo — este apontado como usuário de drogas. Os dois acabaram torturados e mortos.