Família unida, permanece unida: operação da DDEF cumpre mandados contra ex-prefeito por esquema de fraudes em contratos de Seropédica

Anabal Barbosa, entre a ex-primeira-dama Sônia Oliveira e o filho Wagner: esquema fraudulento na mira da Delegacia de Defraudações/Reprodução

Anabal Barbosa, Sônia e Waguinho: juntos em esquema de corrupção alvo dos agentes na manhã de hoje em Seropédica. Armas e dinheiro foram apreendidos/Reprodução/Divulgação/DDEF

Desvio de R$ 6 milhões

O ex-prefeito de Seropédica, Anabal Barbosa de Souza, a esposa, então secretária de Educação, Cultura e Esporte, Sônia Oliveira de Souza, e o filho Wagner Oliveira de Souza, apontado como operador de um esquema fraudulento que desviou cerca de R$ 6 milhões em contratos da prefeitura, além de outras duas pessoas, foram alvos da operação Pregão deflagrada pela Delegacia de Defraudações (DDEF), na manhã de hoje (3) , no município da Baixada Fluminense. No total, foram cumpridos 26 mandados de busca e apreensão também contra 14 investigados.

Na casa de Wagner, que é policial militar, os agentes apreenderam arma e dinheiro que estavam escondidos dentro de um sofá. E na casa do ex-prefeito, outra arma. Segundo as investigações, os desvios aconteceram quando a cidade estava em estado de calamidade, entre fevereiro e setembro de 2017.

Peculato, corrupção passiva, tráfico de influência
Segundo as investigações, durante o período de crise foram firmados 14 contratos pela Prefeitura de Seropédica com altos valores e dispensa de licitação. As empresas apresentavam atividades incompatíveis com os serviços contratados. O desvio teria repercutido diretamente nos serviços públicos prestados pelo poder municipal, gerando falta de merenda e falta de insumos hospitalares em unidades da cidade.
Os envolvidos vão responder pelos crimes de peculato, corrupção passiva, tráfico de influência, irregularidades em dispensa de licitação e organização criminosa.

Waguinho Anabal foi preso por extorsão
Em dezembro de 2019, Waguinho Anabal teve a prisão preventiva decretada e foi alvo de uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), acusado de extorsão, constrangimento ilegal e coação no curso do processo. A reportagem não conseguiu apurar se o filho do prefeito foi submetido a punição pela corporação pelo desvio de conduta.

De acordo com o MP, Waguinho usava o nome do pai para exigir “altas quantias em dinheiro” do dono de uma empresa que tinha contrato de prestação de serviços com a prefeitura.

As extorsões e coações ao empresário começaram em 2017. Uma delas, em fevereiro daquele ano, ocorreu na sede da Prefeitura de Seropédica, informa a denúncia do MP. Nos encontros com a vítima, o PM, além de exigir dinheiro, chegou a obrigá-la a apagar conversas no WhatsApp que o incriminasse.

Apontado como cúmplice de Waguinho, Fábio Silva de Moura também foi denunciado por envolvimento na coação. Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Seropédica.

Secretária sugere jegue como transporte para professores
Em junho de 2017, uma declaração da então secretária de Educação, Cultura e Esporte e primeira-dama de Seropédica, Sônia Oliveira de Souza, causou polêmica. Ela sugeriu que professores da rede municipal alugassem ou comprassem jegues para ir à escola.
A recomendação foi feita durante uma reunião com diretores das escolas municipais. No encontro, a secretária disse que só terá carona nos ônibus escolares o funcionário que auxiliar as crianças no ônibus.

“Eles irão se comprometer com vocês a auxiliar a criança no ônibus. Aquele que não quiser ajudar, não tem problema. Não é obrigado, mas eu também não sou obrigada a dar carona pra ele. Ele vai a pé! Ou então, ele aluga um jegue. Tem um monte de jegue baratinho. Com R$ 200 você compra um jegue”, diz um trecho do áudio publicado nas redes sociais.