Em ‘voo de reconhecimento’ do fogo, bombeiros dizem que 3.750 hectares foram perdidos em cidades turísticas de MS

Brasil-02 - Militares combatendo o fogo nesse domingo (11) no pantanal sul-mato-grossense — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Militares encontraram sucuri neste domingo (11) — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Ao menos 3.750 hectares foram atingidos pelo incêndio entre os municípios de Bonito e Jardim, região turística no sudoeste de Mato Grosso do Sul, segundo informaram os bombeiros que fizeram um “voo de reconhecimento” da área nesta segunda-feira (12).

Nos dois municípios, o fogo foi controlado, mas os bombeiros alertam para o risco de surgir novos focos. Para a Polícia Militar Ambiental (PMA), no entanto, a extensão do dano seria ainda maior: 6 mil hectares.

No Pantanal, que também foi atingido, o fogo continua e os bombeiros seguem fazendo combate e monitoramento (leia mais sobre esta operação ao fim da reportagem).

Desde que as chamas começaram, há cinco dias, o fogo matou animais da região, como as sucuris, e devastou a mata nativa.

“Tivemos o grande incêndio controlado e agora fazemos o monitoramento por terra e rescaldo da área afetada. Também estamos utilizando aeronaves. […] Fizemos o voo de reconhecimento que localizou um novo foco de incêndio nas proximidades do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, foco este que já foi controlado e a área está em segurança”, disse o major André, comandante da operação Panemorfi (que significa “bonito” em grego).

A avaliação da área perdida foi feita pelo Centro de Proteção Ambiental (CPA).

Rastro de morte
A queimada destruiu a vegetação e matou inúmeros animais, entre eles uma sucuri de cerca de 5 metros e 80 quilos, encontrada carbonizada por militares nesse domingo (11).

“Estávamos fazendo a vistoria nas proximidades da fazenda São João, ainda na parte da área de Bonito, quando nos deparamos com esta sucuri que, infelizmente, não conseguiu se livrar das chamas. Lamentável”, afirmou o capitão Valdeck de Siqueira Santos.

Em 2020, o Pantanal foi atingido pela maior tragédia de sua história. Incêndios destruíram cerca de 4 milhões de hectares. 26% do bioma (o que representa uma área maior que a Bélgica) foi consumida pelo fogo. Cerca de 4,6 bilhões de animais foram afetados e ao menos 10 milhões morreram.

Até hoje, a região ainda não se recuperou totalmente da tragédia. E a previsão é de estiagem ainda mais severa neste inverno de 2021. Por conta disto, a comunidade ribeirinha de Barra de São Lourenço, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, vive de doações.

São famílias que antes sobreviviam da pesca, da coleta de iscas vivas e da agricultura de subsistência. Agora, elas dependem de doações para viver após terem visto a região ser devastada pelas queimadas.

Assim como as cidades de Bonito e Registro, o fogo também atingiu o Pantanal do MS. Na região, a operação Hefesto já contabilizou 25.775 hectares de área queimada dos dias 3 a 10 de julho.

“O pessoal está fazendo o combate no Canal do Tamengo e uma área próxima à Bolívia, onde as equipes estão trabalhando e em campo na área da Nhecolândia…Teremos uma aeronave pousando nesta manhã (12) para ajudar e vamos intensificar. São aeronaves contratadas pelo governo do estado, onde teremos uma resposta melhor no foco de calor e vamos avançar para proteger o nosso meio ambiente, nossa fauna e nossa flora”, disse o tenente-coronel Luciano Alencar, que comanda a operação.

A operação conta com o efetivo de 76 bombeiros militares empregados na missão de combate aos focos de calor, e com 23 viaturas operacionais e administrativas. As aeronaves usadas são do modelo Air Tractor e pousaram no aeroporto de Corumbá para reforçar as ações dos bombeiros militares. Cada uma dessas aeronaves tem capacidade de comportar 2 mil litros de água.