Dia dos Professores: Pedagoga do Degase diz que deixa ali o melhor de si

15 Cintia Tavares

Jota Carvalho
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“No Degase eu aprendi a gostar do meu trabalho e a deixar o melhor de mim”, diz pedagoga do Departamento Geral de Ações Socioeducativas
Cintia Tavares, 47 anos, é pedagoga do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) desde 2012, chamada no último concurso. Há 25 anos no magistério, passou por nove escolas e continua a dar aulas. Desde 2002 é professora na prefeitura de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, mas depois da pandemia, está na sala de sua casa e também na de seus alunos, já adaptada ao ensino remoto devido às medidas de prevenção ao novo coronavírus.
“Aqui eu aprendi a gostar do meu trabalho e a deixar o meu melhor, todos os dias, independentemente das dificuldades que se apresentem”, relatou Cintia, que em vários momentos se identifica com as histórias dos jovens, que se repetem no Departamento. Ela teve um irmão que há muitos anos passou pelo antigo Instituto Padre Severino (hoje Centro de Socioeducação Dom Bosco).
“Tenho um sonho que é a educação integral, onde a criança passa o dia na escola. Defendo muito essa bandeira”, contou Cintia. “Quanto mais nós pudermos oportunizar tempo dentro da escola, menos tempo crianças e adolescentes ficarão ociosos e arriscando seguir caminhos que não trarão nada de positivo no futuro”, salientou a professora.
Uma das coisas que mais a impactam no sistema socioeducativo e ao mesmo tempo é um dos desafios enumerados por Cintia é a defasagem escolar. Ela se preocupa com esse conteúdo perdido dos socioeducandos, pois muitos abandonaram as salas de aula. “A pedagogia no sistema e o trabalho do pedagogo no Degase é bem diferente da trabalhada em escolas onde não há privação de liberdade”.

“Trabalhando no Sistema Socioeducativo, aprendi a ser ainda mais humanas e a não pré-julgar quem quer que seja; todo dia que eu entro nessa unidade para trabalhar eu aprendo alguma coisa”, disse. Embora não estivesse falando de uma aprendizagem formal, ela acrescentou que precisa sempre estar continuamente estudando e se atualizando, pois, segundo ela, ser professor exige nunca parar de estudar.
Em sua opinião, muitos problemas estão além do ambiente escolar. Ela citou os casos que só o Conselho Tutelar pode resolver. “ O que compete com a sala de aula da escola pública é desleal e é a mesma coisa que leva o jovem ao sistema: quando a escola não consegue, quando os pais não conseguem, quando eu, como professora não consigo, é a lei que dá limites”.

Jovem se recupera e vira poetisa

Cintia destaca um dos casos que ela sente orgulho de ter participado da formação: “tivemos uma jovem na internação com muitos problemas, inclusive de depressão, que havia tentado suicídio; passou pela nossa equipe e não desistimos dela. Hoje a jovem tem até publicadas em livro poesias que escreveu aqui dentro”, conta a pedagoga, mesmo que com dificuldade de enumerar casos de sucesso passado pelo sistema.
Casada e mãe de duas filhas, Tábata e Ágatha, de 12 e 18 anos, Cintia leciona para o quinto ano do ensino fundamental. O Degase foi sua primeira experiência como pedagoga, onde compõe a equipe de atendimento técnico – cada unidade tem plantão com equipes técnicas formadas por profissionais de psicologia, serviço social, musicoterapia, além de pedagogia. Passou por várias unidades localizadas na Ilha do Governador e também pela Divisão de Pedagogia (Diped) – setor da Coordenação de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Cecel).