Cidade devastada: número de mortos pelo temporal em Petrópolis sobe para 94

Moradores carregam corpo em meio à lama/Reprodução

O Centro da cidade praticamente ficou coberto de água/Reprodução/G1

Bombeiros localizam corpo sob os olhares de tristeza dos moradores/Reprodução

Moradores voluntários ajudam a carregar corpo que estava sob a lama/Reprodução

 

Corpo de Bombeiros diz que número de desaparecidos é improvável 

Petrópolis foi arrasada por um forte temporal que atingiu a cidade da na Região Serrana do Rio na última terça-feira (15). Duas horas de chuva foram suficientes para provocar deslizamentos, destruição e mortes. Até o início da noite desta quarta-feira (16), o Corpo de Bombeiros havia contabilizado 94 óbitos, mas esse número deve subir em razão de pessoas que estão soterradas em vários pontos do município. A Defesa Civil informo que foram 200 milímetros de água, uma quantidade raramente vista.

O secretário da Defesa Civil e comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Monteiro, afirmou que, só no Morro da Oficina, dezenas de casas foram atingidas pela lama. Ele destacou que “há inúmeros desaparecidos”, sem precisar o número exato.

Em muitos pontos de Petrópolis, como Morro da Oficina, Quitandinha, Caxambu e Floresta, onde ocorreram deslizamentos provocados pelo temporal, chama atenção o drama dos moradores em busca por pessoas desaparecidas. O número de casas destruídas ou soterradas é muito grande. Pelo menos 400 bombeiros com ajuda de cães participam dos resgates.

A Defesa Civil não para de receber chamados com pedidos de resgates. Os corpos encontrados pelos socorristas estão sendo levados para o Instituto Médico-Legal (IML). Imagens gravadas por moradores no Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, mostram uma encosta indo abaixo, arrastando construções. Num dos vídeos, pessoas em desespero retiram às pressas crianças de dentro da Escola Municipal Vereador José Fernandes da Silva.

Trabalho de resgate dos corpos é complexo
Somente na Rua do Imperador, região Central da cidade, foram encontrados 12 corpos – sendo 11 de mulheres. Agentes da Guarda Civil acompanharam os resgates dos corpos, que estavam presos às ferragens ou ainda submersos no rio.

Logo cedo, era possível ver o tamanho da devastação. Em muitos pontos da cidade era difícil distinguir o que era casa, o que era terra ou o que era rua. Morros vieram abaixo, carregando pedras do tamanho de carros; veículos ficaram empilhados com a força da correnteza; vias importantes foram bloqueadas, dificultando o acesso aos desabrigados.

O Alto da Serra foi uma das localidades mais devastadas. A prefeitura estima que pelo menos 80 casas foram atingidas pela barreira que caiu no Morro da Oficina.

Governador Cláudio Castro e o secretário da Defesa Civil e comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Monteiro, falam em coletiva/Divulgação

‘Situação quase de guerra’, diz governador
O governador Cláudio Castro cancelou a agenda desta quarta-feira e foi para Petrópolis. “A situação é quase que de guerra. Vimos carros pendurado em poste. Carro virado de cabeça para baixo. Muita lama e muita água ainda”, descreveu.

Ele afirmou que “as sirenes funcionaram perfeitamente”. “Tanto que a tragédia não foi maior porque as sirenes funcionaram.”

Ainda segundo o governador, o ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, deve ir à cidade na sexta-feira  (18). “Grupos de trabalho já estão vendo o que vai precisar ser reconstruído. Mas nesse momento é salvar as pessoas e limpar a lama, lixo e escombros”, disse.

O senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) informou que o presidente Jair Bolsonaro também fará um sobrevoo na região na sexta. Segundo Flávio, o presidente voltará direto da Europa para Petrópolis. Bolsonaro viajou para Moscou, na Rússia, e nesta quinta (17) irá a Budapeste, na Hungria.

Corpos de várias idades
“Estamos passando por uma situação de extrema gravidade, e direcionamos todos os esforços para garantir o socorro da população”, destacou o prefeito Rubens Bomtempo. “Muita gente chegando em óbito, cheia de terra, de várias idades”, relatou um médico em um pronto-socorro.

Em 2011, Nova Friburgo também foi destruída pelas chuvas e 900 pessoas morreram/Reprodução

Desastre marcou Região Serrana há 11 anos 
Há 11 anos, uma tragédia provocada pelas chuvas deixou mais de 900 de mortos na Região Serrana do Rio, no maior desastre natural do país até então. Foram 426 mortes só em Nova Friburgo e 381 em Teresópolis. Petrópolis também estava entre as cidades mais atingidas, com 71 fatalidades.

Na ocasião, o distrito de Itaipava foi o que mais sofreu com as consequências da chuva. Também houve mortes em Sumidouro (21), São José do Vale do Rio Preto (4) e Bom Jardim (1).