Detran e prefeituras do RJ são alvos de Operação da Polícia Civil

Viaturas no endereço de um dos alvos da operação/Divulgação/Polícia Civil

Operação investiga envolvimento de funcionários do dois órgãos em organização criminosa que realizava transferências de veículos e de CNHs.

Funcionários do Detran e das prefeituras do Rio e São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, são alvos de uma investigação da Polícia Civil contra um esquema fraudulento de transferência de pontos de carteira de habilitação e de propriedade de veículos.

Titular da Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (DAIRJ), o delegado Adriano França disse que que há suspeita desses grupos no esquema. “Inclusive, na segunda fase, o desdobramento vai ser correr atrás desses veículos que foram transferidos sem autorização, sem a permissão dessas locadoras, foram vários veículos”, disse.

Na ação de ontem, os agentes prenderam Camila Batista Macedo e seu marido, Thiago Gomes, donos da empresa CT Multas, e de seus familiares Caroline Batista Macedo, Bruno Batista Macedo, Larissa Gomes Dazzi e Cibelle Henrique de Araújo.

As investigações apontam que os suspeitos atraiam clientes, principalmente, através de redes sociais. “Eles tinham um escritório, na Zona Oeste. Mas a casa tem um espaço grande e chame menos atenção por não ter a movimentação das pessoas. A casa era dividida entre lazer e a prática criminosa. Toda a transferência de dados e contrato de prestação de serviços era feita online”, disse França.

Zera pontos na CNH
De acordo com o delegado, a operação foi batizada de Zero Ponto porque essa era a intenção da quadrilha, zerar os pontos na carteira de habilitação quem foi autuado. Os pontos eram transferidos do real infrator da multa de trânsito para a dona da empresa ou terceiros.

O esquema também funcionava dentro do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. Em suas redes sociais a CT Multas fazia postagens oferecendo a retirada de pontos na carteira de quem havia sido multado dentro do aeroporto.

Os agentes checaram que mesmo sem ter documento de habilitação, Camila somava quase 3 mil multas em seu nome, totalizando cerca de 15 mil pontos de infrações de trânsito diversas.

Falha no sistema do órgão
O delegado Gláucio Paes, corregedor do Detran, acredita que essas transferências podiam ser feitas por conta de uma falha no sistema do órgão.

“Essa investigação mostra para a gente que a gente tem que aperfeiçoar o nosso sistema. A gente vai ter que verificar onde existem as possíveis falhas e em alguns municípios são eles que administram o sistema”, declarou durante entrevista coletiva.

A quadrilha também realizava transferência de propriedade do veículo para nome de pessoas que não sabiam da transação e sem autorização das mesmas. As investigações, inclusive, iniciaram em julho de 2020, quando uma empresa de locação de veículos comunicou que um carro não havia sido devolvido, e ao checar no sistema, a polícia descobriu a transferência de propriedade de veículo, para um homem que não sabia da transação.