‘Desova’: Premiado curta sobre o desaparecimento forçado na Baixada Fluminense, estreia dia 31 de maio no Canal Futura

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Cena do filme ‘Desova’ mostrando o enterro de uma das vítimas/Divulgação

Cena do filme ‘Desova’ mostrando uma das mães que organizou um grupo de apoio para as vítimas/Divulgação

 

Cria da Baixada, Laís Dantas, diretora e roteirista do filme ‘Desova’, levou o prêmio de Melhor Filme pelo doc, no 12º Festival Internacional de Cine Político – FICIP, de Buenos Aires. Documentário da Quiprocó Filmes mostra também as consequências e traumas nas vidas de mães que perderam seus filhos

O curta “Desova”, da Quiprocó Filmes, estreia dia 31 de maio, sexta-feira, às 23h, na programação do Canal Futura. O filme, que tem roteiro, direção e direção de fotografia de Laís Dantas, investiga o desaparecimento forçado na região da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Após a estreia, o filme ficará disponível no Globoplay.

“Desova” teve sua estreia internacional no 12º Festival Internacional de Cine Político – FICIP, em Buenos Aires, em maio de 2023, levando o Prêmio de Melhor Filme na Competição Oficial Internacional de Curtas-metragens e também foi selecionado para o 19° Brésil en Mouvements, 3ª Semana do Cinema Negro de BH, VI Mostra SESC de Cinema e VII Congreso ALA.

Filmado na região do KM 32, em Nova Iguaçu, além de localidades próximas, “Desova” apresenta dados alarmantes sobre o problema, com depoimentos de mães que se organizaram em coletivos e em grupos de arteterapia para lidar com a dor da ausência, além de depoimentos de pesquisadores e estudiosos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) que desenvolvem pesquisas focadas no assunto.

Filme revela causas e a dor dos familiares
“O impacto que se espera que essa obra possa ter na sociedade é despertar a conscientização e a empatia em relação à realidade das vítimas, além de expor as dinâmicas e as técnicas utilizadas pelo Estado nesse contexto. Através da narrativa e da representação emocional dessas histórias, o curta busca gerar reflexão e debate sobre a violência institucional, os direitos humanos e a importância de enfrentar essas questões sociais”, afirma a diretora Laís Dantas, de 27 anos, nascida e criada em Duque de Caxias.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, entre 2017 e 2022, foram registrados 369.737 desaparecimentos no Brasil, uma média de 203 casos por dia. “Desova” também retrata os impactos que esses desaparecimentos podem causar a longo prazo, não só nas vidas das “mães órfãs”, mas também na própria região.
Por exemplo, muitos dos corpos desaparecidos são encontrados, mas não são denunciados à polícia por medo, formando os chamados grandes cemitérios clandestinos nos rios próximos ao KM 32: Iguaçu, Sarapuí e Guandu, que acabam sendo utilizados como ponto de desova de corpos de pessoas mortas.

“Foram muitos desafios na produção, que vai das entrevistas com as mães a filmar no Rio Guandu, mas para elencar o maior, acho que seria a ausência do corpo. Ouvimos as mães falando sobre filhos que não conseguiram enterrar. A ausência de um corpo que não teve direitos, é muito triste”, revela Laís Dantas.

Filme que foi viabilizado graças a emenda parlamentar de 2020 do deputado Marcelo Freixo, conta com o apoio do Fórum Grita Baixada e da Fundação Heinrich Böll

“Desova” foi viabilizado por meio de uma emenda parlamentar de 2020, de autoria do então deputado federal Marcelo Freixo, que não só possibilitou a realização do filme, mas também um projeto de pesquisa sobre o assunto intitulado: “Mapeamento exploratório sobre desaparecidos e desaparecimentos forçados em municípios da Baixada Fluminense”, conduzida por diversos pesquisadores da UFRRJ, e coordenada pelos professores José Cláudio Souza Alves e Nalayne Mendonça Pinto.

Todas as ações também fazem parte do projeto Grita Baixada 2020, do Fórum Grita Baixada, que apresenta o curta-metragem, sob a coordenação de Adriano de Araújo.

O filme conta ainda com o apoio da Fundação Heinrich Böll.

“Espero que ‘Desova’ possa sensibilizar o público, levando as pessoas a questionar a impunidade e a falta de resposta diante desses casos, bem como estimular a demanda por justiça e a necessidade de medidas efetivas para prevenir e combater o desaparecimento forçado. Ao expor a magnitude do vazio deixado pela perda e o impacto profundo nas vidas das famílias afetadas, a obra busca provocar reflexões sobre a necessidade de mudanças sociais e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária”, conclui Fernando Sousa, produtor executivo do filme.

SINOPSE

Documentário que aborda o tema do desaparecimento forçado na Baixada Fluminense, retratando os atravessamentos da vida das mães que perderam seus filhos. O curta-metragem busca compreender as dinâmicas das técnicas do Estado de desaparecer corpos, bem como a tentativa de mães e familiares das vítimas em lidar com esse trauma. Desova é um filme sobre o que fica, o que o rio leva e o vazio criado pela perda.

Sobre Laís Dantas

Diretora, diretora de fotografia e montadora. Estudou Fotografia na EAV Parque Lage e Audiovisual com o coletivo Mate com Angu. Em 2019 lançou um média doc como diretora e diretora de fotografia chamado NuFlow sobre batalhas de rima e slams. Atuou em projetos voltados para mídia digital para nomes como Dove, Natura, Ibeu e Instituto Marielle Franco. Como diretora já assinou projetos no Canal Brasil, Instagram, Porta dos Fundos e Quebrando o Tabu. Fez a direção de fotografia do curta “A Mulher do Fim do Mundo”, dirigido por Geo Abreu, do mini-doc “Respeita Nosso Sagrado”, dirigido por Fernando Sousa e Gabriel Barbosa (Quiprocó Filmes) e do longa “Rio, Negro” (Quiprocó Filmes).

Sobre o Fórum Grita Baixada: O Fórum Grita Baixada (FGB) é um movimento social, constituído por uma rede de organizações e pessoas da sociedade civil articuladas em prol de iniciativas voltadas aos direitos humanos, sistema de justiça e a uma política de segurança pública cidadã para a Baixada Fluminense. Dentre os objetivos: promover e apoiar espaços de formação e articulação de organizações e pessoas na defesa e promoção dos direitos humanos na Baixada Fluminense, tendo como temas principais a segurança pública, a violência de Estado, o protagonismo da juventude, as formas de enfrentamento ao racismo, o feminicídio, e o uso de meios de proteção e cuidado para os defensores e defensoras de direitos humanos.
Sobre a Quiprocó Filmes:

A Quiprocó Filmes é uma produtora audiovisual independente, sediada no Rio de Janeiro, que busca provocar mudanças através de um olhar inquieto. Criamos imagens atentas às histórias, emoções e afetos, a partir de diferentes vozes, transformando a maneira que as pessoas vêem suas próprias vidas e os diferentes elementos da nossa cultura. Criamos conteúdo para Cinema, TV e streaming. Produzimos conteúdo publicitário e institucional para organizações e empresas. Realizamos oficinas audiovisuais em parceria com instituições da sociedade civil.

Ficha Técnica
Direção e Roteiro: Laís Dantas
Produção Executiva: Fernando Sousa e Gabriel Barbosa
Pesquisa: Fernando Sousa e Gabriel Barbosa
Direção de Produção: Luana Fraga
Direção de fotografia: Laís Dantas
Câmeras: Laís Dantas e Gabriel Barbosa
Assistente de fotografia: Laura Aguiar
Fotografia Still: Felipe Dutra
Som direto: Ton Oliveira
Produção de finalização: Laura Aguiar e Dora Motta
Montagem: Gabriel Barbosa
Designer: Laryssa Ramos
Edição de Som e Mixagem: Alexandre Jardim
Finalização: Link Digital
Atendimento: Denise Miller
Coordenação: João Paulo Reis e Roberto Tyszler
Colorista: Bernardo Brik
Locadora de equipamentos: Weloc
Motorista: Paulo Domingos e Márcio Oliveira
Assessoria de Imprensa: Mario Camelo/Prisma Colab
Realização: Quiprocó Filmes

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