Deputados trocam ofensas durante sessão tensa na Alerj

Bate-boca entre Renata Souza (PSOL) e Rodrigo Amorim (PTB) deve ser analisado pelo Conselho de Ética

Mesmo sob o frio intenso que cobre o Rio, causado pela passagem de um ciclone extratropical, os ânimos esquentaram na sessão da última terça-feira (17) na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). Deputados estaduais das alas bolsonaristas e de esquerda trocaram ofensas pesadas na sessão, com o bate-boca mais intenso sendo protagonizado por Renata Souza (PSOL) e Rodrigo Amorim (PTB).

Tudo começou quando o plenário discutia temas como um projeto de lei que proíbe “o tratamento diferenciado a quem não é vacinado”. A bancada de esquerda saiu do plenário, e o texto acabou não sendo votado.

Lotada de apoiadores bolsonaristas, a galeria ficou agitada, com o público que vaiava e gritava palavras de ordem, como “lixo!” quando parlamentares de esquerda voltaram para discursar. Renata não gostou das interrupções. “Lixo é vocês, bolsonaristas! Senhora presidenta, estão me ofendendo. Acho que ofensas aqui não cabe. Quer vaiar, quer urrar, quer fazer igual boi, mugir, faz o que quiserem!”

A sessão voltou a ser interrompida por cinco minutos. Na volta, Amorim proferiu ataques: “Vai xingar outro! Hoje, na Câmara Municipal, um vereador que parece um porco humano (Tarcísio Motta, do PSOL) tava lá chorando dizendo que eu era gordofóbico. Mas ela (Renata Souza) pode se referir aos outros como boi. Talvez não enxergue sua própria bancada, que tem lá em Niterói um boizebu, que é uma aberração da natureza, que é aquele ser que tá ali (Benny Briolly, do PSOL), e eles não enxergam!”

Benny Briolly, a primeira vereadora trans eleita em Niterói (RJ), toma posse na Câmara de Niterói/Clever Felix/Ldg News/Estadão Conteúdo

Vereadora vai registrar queixa na Decradi
A vereadora niteroiense se pronunciou após os ataques do parlamentar . Ela disse ter sido vítima de ataques racistas e transfóbicos de Amorim. “Se esses covardes acham que vão me silenciar, eles estão muito enganados. Se eles acham que estão protegidos pela imunidade parlamentar para saírem cometendo atos criminosos, eles que aguardem, pois racismo e lgbtfobia são crimes”, disse Benny.

A assessoria da vereadora afirmou que nesta sexta-feira (20) vai prestar depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

Renata Souza disse que entregou ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) um pedido de investigação sobre a prática de injúria e violência de gênero. Já Rodrigo Amorim declarou que considera que não cometeu crime nenhum, “e, sim, exerceu sua liberdade de expressar sua opinião”.

O corregedor-parlamentar da Casa, deputado Noel de Carvalho (SD), disse que vai analisar a situação para avaliar se aciona o Conselho de Ética.