Deputado preso na Operação Furna da  Onça pode ser nomeado secretário de Esporte e Lazer de Nova Iguaçu

Duas caras da mesma escória: Luiz Martins será alçado ao cargo pelo prefeito Rogério Lisboa/Reprodução 

Adversários em um passado não tão distante, Luiz Martins e Rogério Lisboa (foto abaixo) estão juntos e misturados/Reprodução 

Para quem se alia às más companhias, vale o velho ditado: “Diga-me com quem andas e eu te direi quem és”. De um lado, o político que virou réu em processo que investiga esquema de propina no Legislativo estadual. Do outro, o que prega o moralismo e a transparência em sua segunda gestão como prefeito de Nova Iguaçu.

Os dois personagens da política da Baixada Fluminense voltaram aos velhos tempos da campanha eleitoral de 2020 e se reaproximam, com o deputado Luiz Martins (PDT) atraindo Rogério Lisboa (PP) para seu campo gravitacional manchado pela sujeira da corrupção.

Segundo uma fonte, o parlamentar está sendo sondado para assumir a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer da Prefeitura. A nomeação, que estaria prestes a sair do forno, tem sido pauta nas rodas de conversa e nos corredores da gestão municipal e observada sob um anglo negativo.

Indústria das multas
Um cabo eleitoral que trabalhou na campanha de reeleição de Lisboa criticou o prefeito por se aliar a um político de caráter duvidoso. “Se Luiz Martins voltar à prefeitura será uma desmoralização para o governo, que já está em baixa popularidade por causa do Plano Nacional de Vacinação (PNV), que não tem sido cumprido conforme preconiza o governo federal. Esse parlamentar é um dos representantes do grupo de traiçoeiros da política do RJ. Até um vagabundo teria mais moral que ele”, disse, revoltado.

Martins já teve seu nome ligado à ‘indústria das multas’ em Nova Iguaçu. Agentes de trânsito teriam recebido determinação para aplicar o máximo de multas e rebocar veículos para o depósito localizado na cidade.
O então secretário de Transporte, Trânsito e Mobilidade Urbana, Herval Barros de Souza, fora indicado para o cargo pelo deputado.

Operação Furna da Onça
Os deputados André Corrêa (DEM), Luiz Martins (PDT), Marcus Vinícius Neskau (PTB), Chiquinho da Mangueira (PSC) e Marcos Abrahão (Avante) foram presos em novembro de 2018 na Operação Furna da Onça, um desdobramento da Operação Lava Jato. Todos são acusados de receberem propina em troca de votações favoráveis ao esquema operado pelo grupo político liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

Em maio de 2019, a Justiça Federal no Rio de Janeiro aceitou, por unanimidade, a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) e transformou os parlamentares em réus sob a acusação de associação criminosa e corrupção passiva.