Deputado Giovani Ratinho é suspeito de desviar dinheiro na Alerj

Deputado Giovani Ratinho está mergulhado até o pescoço com indícios de falcatruas/Reprodução

O deputado estadual e o filho, Ratinho Júnior, que vereador em Meriti, teriam comprado votos nas eleições de 2020/Reprodução

O deputado estadual Giovani Ratinho (PROS) pode estar envolvido em irregularidades no aluguel de carros oficiais e no abastecimento de combustíveis com o dinheiro público. Ele é suspeito de desviar dinheiro público durante seu mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo informações, a Casa disponibiliza uma verba mensal para os parlamentares gastarem com o combustível dos veículos que estão a sua disposição. Pela lei, esse gasto só pode ser autorizado para o trabalho do mandato do parlamentar. E mais: a emissão de nota fiscal a cada abastecimento é obrigatória para o pedido de reembolso do valor gasto.

De acordo com reportagem do jornalismo da TV Globo, na prestação de contas de Ratinho consta ele realizou um único pedido de reembolso por mês, apresentando sempre uma única nota fiscal a cada 30 dias. No dia 29 de janeiro desse ano, o deputado disse ter comprado 848 litros de óleo diesel e 263 litros de gasolina aditivada, pelo total de R$ 4.485. Já em dezembro de 2020, foram 609 litros de gasolina e 345 litros de óleo diesel. Um gasto de R$ 4.265.

Um mês antes, no dia 27 de novembro de 2020, o deputado apresentou uma nota de R$ 3.661, referente a compra de 219 litros de óleo diesel, 229 litros de etanol, 195 litros de gasolina aditivada e 240 litros de gasolina comum.

O que chamou atenção na prestação de contas do parlamentar para o mês de novembro, foi o que estava ao lado da assinatura da despesa: ‘Giovani Leite de Abreu prefeito eleição 2020’. A compra de combustível com essa observação levantou a suspeita de desvio de dinheiro da Alerj para ser usado na campanha do deputado à Prefeitura de São João de Meriti.

“Nos chamou atenção o fato de uma delas ter sido emitida em favor de eleição 2020 para algum candidato a prefeito. Isso não pode, uma vez que a verba indenizatória é exclusiva para custear despesas de mandato. E não eleitorais”, disse Lúcio Big, fundador da Operação Política Supervisionada (OPS).

Todas as notas apresentadas pelo deputado Giovani Ratinha para o reembolso de despesas com combustíveis são do mesmo posto de gasolina, localizado em Vilar dos Telles, em Meriti. Nos últimos 12 meses, Ratinho gastou quase R$ 50 mil com o serviço.

Aluguel de veículos
O deputado também é suspeito de desvio de verbas públicas que deveriam ser destinadas para o aluguel de veículos oficiais. Segundo as notas apresentadas por Ratinho, ele gastou quase R$ 100 mil em um ano com o serviço.

Entre as irregularidades, foi possível observar em suas prestações de conta na Alerj que o deputado não indicava o modelo do carro alugado e nem a placa do veículo. Contudo, o deputado diz ter alugado os veículos sempre na mesma empresa, a Fire Show do Vilar Automóveis, conhecida como Fire Motors.

O principal problema é que a loja não trabalha com o aluguel de carros. Segundo um atendente do estabelecimento, o local só realiza a compra e venda de veículos. Um dos sócios da Fire Motors é o vereador de Meriti Renato Pimenta de Menezes (MDB).

Cada eleitor que concordasse com o esquema ilegal era obrigado a passar o nome completo, endereço, título eleitoral, zona e seção de votação e até um perfil de rede social/Reprodução 

Pai e filho são acusados de comprar R$ meio milhão em votos nas eleições de 2020

O deputado estadual Giovani Ratinho também está envolvido em outra irregularidade. Ele e seu filho, Ratinho Júnior, do PROS (foto), vereador de São João de Meriti, foram acusados por ex-aliados de participarem de um esquema de compra de votos na eleição do ano passado.

De acordo com a denúncia, pai e filho teriam pago aproximadamente R$ 500 mil para comprar mais de 5 mil votos de eleitores no município. Como garantia de que honraria o compromisso, os eleitores filmaram a urna eletrônica e enviaram o material para a equipe de campanha de Giovani Ratinho e seu filho. Além das imagens, integrantes da equipe de campanha que trabalhavam para os políticos também confirmaram o esquema de compra de voto.

“Tinha mais ou menos 180 colaboradores e cada um tinha uma meta de 30 pessoas. Cada colaborador tinha que conseguir 30 pessoas para comprar o voto. Foi comprado em média 5 mil votos. Esses 5 mil votos, cada voto foi pago R$ 100. Era obrigatório fazer o voto casado. Ou seja, votar no filho para vereador e no pai para prefeito. Foi gasto em média R$ 500 mil só com compra de votos”, explicou um colaborador da campanha que não quis revelar sua identificar.

Os denunciantes dizem que eram exigidas listas com os dados dos eleitores que se comprometiam a vender o voto. Cada um que concordasse com o esquema ilegal era obrigado a passar o nome completo, endereço, título eleitoral, zona e seção de votação e até um perfil de rede social.