Corpo de Jorge Picciani é sepultado no Rio

Picciani

Ao lado do governador Cláudio Castro (PSC), filhos de Picciani velam o corpo do pai/Octacilio Barbosa/Divulgação/Alerj

O corpo do ex-deputado Jorge Picciani, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, foi sepultado ontem no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste. A cerimônia foi restrita a familiares.

O velório ocorreu às 8h no prédio da Alerj, no Centro do Rio. A solenidade contou com a presença de parentes e também do prefeito Eduardo Paes (DEM) e do governador Cláudio Castro (PSC).

O político morreu aos 66 anos, na madrugada da última sexta, vítima de um câncer na bexiga. Ele estava internado desde o dia 8 de abril no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo.

Picciani foi presidente da Assembleia Legislativa do RJ (Alerj) por seis mandatos. Aliado do ex-governador Sérgio Cabral, chegou a ser investigado pela Lava Jato, por corrupção. Em 2019, foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª região.

Ceciliano ofereceu Casa para velório
O presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT), ofereceu a Casa para o velório e declarou luto oficial por três dias. Segundo a nota divulgada pelo Legislativo, “a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro lamenta profundamente a morte do ex-deputado e ex-presidente da Casa, Jorge Picciani. A Casa foi informada oficialmente do falecimento no início da manhã de hoje pela família de Picciani, que presidiu a Alerj por três mandatos. O presidente da Casa, André Ceciliano, ofereceu as instalações do Salão Getúlio Vargas para o velório, que deve acontecer no inicio da noite desta sexta-feira. A Casa irá decretar luto oficial de três dias”.

Família lamenta perda
O político era casado com Hortência Oliveira Picciani desde 2014 e deixa cinco filhos: o ex-deputado federal Leonardo Picciani; o ex-deputado estadual e ex-secretário municipal de Transportes do Rio, Rafael Picciani; o zootecnista e empresário Felipe Picciani; Arthur, de 10 anos, e o caçula Vicenzo.

Carreira política extensa
Jorge Picciani nasceu no dia 25 de março de 1955, em Mariópolis, no Rio de Janeiro. Era formado em contabilidade pela UERJ e em estatística pela Escola Nacional de Estatística. Em 1990, conquistou o primeiro de seus seis mandatos como deputado estadual. Passou por todos os cargos importantes do Legislativo, até se eleger, por quatro mandatos consecutivos, presidente da Alerj (2003-2010). Em 2015, após ficar quatro anos afastado, voltou a ocupar o cargo.

É de sua autoria ainda a lei que garantiu vagões exclusivos para mulheres na hora do rush em trens e no metrô do Rio. Picciani criou também a Comissão de Ética da Alerj – que levou à cassação quatro deputados –, a TV Alerj e a Escola do Legislativo.
Entre 2011 e 2014, se dedicou à vida empresarial e presidiu o PMDB-RJ. Candidato nas eleições de 2014 a deputado estadual, Picciani recebeu 76.590 votos — a nona maior votação no Estado do Rio e a terceira do PMDB-RJ.

De volta ao Legislativo estadual, reassumiu a presidência em 2015 e propôs um pacote de medidas de transparência e austeridade, entre eles a redução do auxílio-educação, que passou a ser estendida a alunos de escolas públicas. Picciani também era pecuarista e desde o início dos anos 90 se dedicava à reprodução assistida de gado.

Foi alvo de operações contra a corrupção
Picciani foi alvo de duas grandes operações contra a corrupção na Alerj. Em novembro de 2017, a Operação Cadeia Velha prendeu o então presidente da Casa, além dos deputados Paulo Mello e Edson Albertassi.

Segundo as investigações, os deputados usavam da sua influência para aprovar projetos na Alerj para favorecer as empresas de ônibus e também as empreiteiras. Um ano depois, já em prisão domiciliar, Picciani e outros nove parlamentares foram alvo da Furna da Onça, sobre o recebimento de propinas mensais de até R$ 100 mil e de cargos para votar de acordo com o interesse do governo. O esquema teria movimentado pelo menos R$ 54 milhões, segundo a PF.

Ele e outros ex-parlamentares foram denunciados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em 2019, ele foi condenado há 21 anos de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 2ª região.