Cheiro de corrupção pode levar dois políticos da Baixada à prisão

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Ministério Público Federal poderá apurar se ambos estariam envolvidos no esquema suspeito de superfaturamento em obras de viadutos em Nova Iguaçu.

Consideradas importantes para a melhoria do trânsito em Nova Iguaçu, as obras de duplicação do viaduto da Barros Júnior (Rancho Novo), sobre a Rodovia Presidente Dutra (Km 178), e de outros dois bairros: Comendador Soares (foto) e Austin, que acumulam não apenas o atraso no prazo de conclusão. Por trás dessa lentidão, há um cheiro forte de superfaturamento que pode ser alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF).
As suspeitas recaem diretamente no mega esquema montado pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabrall (MDB),  preso há dois anos em Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Segundo investigações, o político teria acumulado milhões de reais resultado de pagamento de propinas pagas por empreiteiras contratadas para diversas obras.
Dois desses viadutos em construção, o de Rancho Novo e o de Conendador Soares, foram orçados quase R$ 70 milhões, e as obras avançam a passos de tartaruga. O custo da construção do viaduto de Austin não foi divulgado.

Esquema pago com superfaturamento de contratos

No dia 8 de novembro passado, a Polícia Federal realizou a Operação batizada de Furna da Onça, desdobramento  da Cadeia Velha, que prendeu há um ano o então presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Jorge Picciani, e os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do MDB. Entre os presos estão Luiz Martins (PDT), que estaria integrando o esquema de corrupção envolvendo compra de votos de parlamentares
com dinheiro de propina e distribuição de cargos públicos e mão de obra terceirizada em órgãos da administração estadual.
O grupo criminoso, segundo a PF e o MPF (Ministério Público Federal), pagava o mensalinho por meio de superfaturamento de obras de contratos estaduais e federais em esquema chefiado por Cabral. Alvo de um mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Félix Fischer., o sucessor dele, o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) também foi preso na manhã da última quinta-feira na
Operação Boca de Lobo, desdobramento da Operação Lava Jato no estado, suspeito de operar o esquema de corrupção que afundou o estado do RJ em dívidas.

Natal atrás das grades

De acordo com informações apuradas pela reportagem do Hora H, a mira das investigações sobre as suspeitas de superfaturamento estaria apontada para um prefeito e um deputado federal eleito, ambos de uma importante cidade da Baixada Fluminense. Uma fonte ouvida pelo diário acredita que os dois políticos podem ser presos em poucos dias, e devem passar as festas de fim de ano e réveillon atrás das grades. É mais um capítulo da triste novela em que se transformou a lama de corrpução que assolou o estado.

Arco Metropolitano no esquema

Concebida pelo governo do Estado do Rio para desafogar as rodovias que cortam a Região Metropolitana e hoje abandonada, o Arco Metropolitano foi peça importante de esquema exposto pela delação de Carlos Miranda, operador financeiro de Sérgio Cabral e que envolve o governador Luiz Pezão.
Preso desde novembro de 2016, Miranda fez acordo de delação premiada no qual acusa Pezão de receber mesada de R$ 150 mil entre 2007 e 2014. Essa propina, a pedido de Cabral, era paga com o dinheiro de empreiteiras. De acordo com Miranda, Pezão recebeu dois bônus de R$ 1 milhão cada. O último envolve o Arco Metropolitano, uma das obras mais caras do governo estadual na gestão de Cabral: R$ 2 bilhões, que chamaram a atenção do
Tribunal de Contas do Estado do Rio, que constatou sobrepreço.

Por Antonio Carlos Souza / Hora H

Foto: Reprodução / Internet