Casos de feminicídio sobem 73% em cinco anos no RJ

Valquíria Celina Ferreira Santos, de 33 anos, é uma das vítimas de feminicídio/Reproduç~çao

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) indicam que, apenas de janeiro a maio de 2022, foram 52 mulheres mortas

Os casos de feminicídio cresceram 73% nos últimos cinco anos no Estado do RJ. O levantamento feito com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) indicou que, apenas de janeiro a maio de 2022, foram 52 mulheres mortas. Em 2017, nesse mesmo período, foram 30 casos.

As tentativas de feminicídio também aumentaram no período. Entre janeiro e maio de 2017, foram registrados 105 tentativas de feminicídio. Já no mesmo período de 2022, foram contabilizadas 128 mulheres mortas, ou seja, um aumento de mais de 20%.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o total de casos de violência contra mulher aumentou em todo o Brasil. De acordo com o órgão, em 2020, 1.596 casos foram registrados pelo judiciário brasileiro. Já em 2021, a Justiça contabilizou 1.900 casos de feminicídio.

Olhar diferenciado
Para a juíza Adriana Ramos de Mello, titular do I Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Capital e referência na proteção às mulheres em situação de risco, é importante que as investigações de crimes contra mulheres tenham um olhar diferenciado. A magistrada lembrou que cerca 60% das mortes violentas ocorrem em função do gênero e da raça da vítima.

“Se houver uma investigação no momento inicial, onde se detecta um crime violento contra uma mulher. Se já for investigado com a perspectiva de gênero e também racial, sobretudo porque grande parte das vítimas de feminicídio são mulheres negras. É importante que, desde o início, a investigação tenha este olhar diferenciado. Porque desde o começo isso vai impactar o processo pelo Ministério Público e, consequentemente, o processo e julgamento no âmbito da vara específica do júri”, disse Adriana Ramos.

A professora da Universidade de Brasília (UNB), Débora Diniz, também entende ser importante que as investigações tratem desde o início o crime de violência contra mulher como feminicídio. Para ela, essa mulher vítima precisa de atenção e cuidado.

Morta com escavadeira na Baixada 
Um dos casos de feminicídio ocorreu na Baixada Fluminense. Valquíria Celina Ferreira Santos, de 33 anos, morreu na noite da quarta-feira (29) da semana passada, no Hospital Geral de Nova Iguaçu, no mesmo município, após ser agredida com escavadeira manual.

Ela foi encontrada no chão da casa onde morava por um dos filhos e levada para o hospital e ficou internada por quatro dias. Segundo parentes, as agressões ocorreram por ciúmes de Júlio César Perrone, de 32 anos. A polícia afirma que ele está desaparecido e, de acordo com familiares, levou os cartões da vítima.