Cantor Belo é solto após prisão por fazer show clandestino em comunidade controlada pelo tráfico

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Belo deixou cadeia de Benfica em meio ao tumulto/Cristina Boeckel/G1

O cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, deixou a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, no final da manhã de ontem. O desembargador Milton Fernandes de Souza aceitou o pedido de habeas corpus da defesa e mandou expedir um alvará de soltura.

A saída do cantor foi marcada por tumulto. Ele deixou a cadeira aos gritos de “eu te amo” de fãs que estiveram no local.

Belo foi preso pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) na última quarta-feira. Ele teve a prisão preventiva decretada pela realização de um show na Favela Parque União, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, no sábado de carnaval, apesar das proibições devido à pandemia de Covid-19.

A Polícia Civil ainda apura a invasão ao colégio público onde foi realizada a apresentação sem a autorização da Secretaria estadual de Educação. Segundo investigadores, as salas de aula do Ciep 326 – Professor César Pernetta foram utilizadas como camarotes.
A operação foi batizada de “É o que eu mereço” em referência a uma das músicas do cantor. O cantor negou aos investigadores que tenha tido contato com algum traficante de drogas ou com alguma pessoa armada no local.

“Minha empresa recebeu o dinheiro (cachê no valor de R$ 65 mil). CNPJ com CNPJ”, acrescentou, após ser questionado de quem recebeu o pagamento pelo show. “Se eu não posso cantar para o público, a minha vida acabou”, afirmou ainda o cantor ao deixar o local.

O artista, dois produtores e um traficante são investigados pela realização do evento. Segundo a polícia, eles violaram um decreto municipal que proibiu aglomerações no carnaval e contribuíram com a disseminação do coronavírus, colocando em risco a vida de centenas de pessoas.