Brasil reforça posição contra a guerra na Ucrânia na ONU

Embaixador Ronaldo Costa Filho em sessão extraordinária da ONU em Nova York

ESTADOS UNIDOS – O Brasil reforçou a posição do país contra a Guerra na Ucrânia durante a sessão extraordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) hoje (28), em Nova York. Durante discurso, o embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho pediu uma negociação diplomática “a favor da paz” no país invadido por tropas da Rússia.

“Estamos com um aumento rápido das tensões, que podem colocar toda a humanidade em risco, mas ainda temos tempo para parar com isso. Acreditamos que o Conselho de Segurança ainda não exauriu os instrumentos que tem a disposição para contribuir para uma solução negociada e diplomática, a caminho da paz”, completou.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que os americanos não devem se preocupar com a guerra nuclear. A fala vem um dia depois que o presidente russo, Vladimir Putin, colocou as equipes nucleares da Rússia em alerta máximo.

Os EUA fecharam sua embaixada em Minsk e permitiram que funcionários não emergenciais e familiares deixassem sua embaixada em Moscou nesta segunda-feira, enquanto a Rússia avançava com a invasão da Ucrânia pelo quinto dia.
“Tomamos essas medidas devido a questões de segurança decorrentes do ataque não provocado e injustificado das forças militares russas na Ucrânia”, disse o secretário de Estado Antony Blinken.

Diálogos sem avanços
Autoridades ucranianas e russas se reuniram na fronteira com Belarus ontem para discutir um possível cessar-fogo, cinco dias após o início da invasão russa que desencadeou uma série de sanções diplomáticas e econômicas contra Moscou, mas a tentativa de diálogo terminou sem avanços.

Após algumas horas de discussões “difíceis”, de acordo com o oficial ucraniano Mikhaïlo Podoliak, as delegações retornaram às suas respectivas capitais para consultas antes de novas conversas.

Enquanto a presidência ucraniana diz que quer negociar um cessar-fogo imediato, nada no terreno indica que os eventos estão tomando esse rumo, com as tropas russas continuando a avançar lentamente em direção a Kiev, enquanto os ataques com foguetes em Kharkiv, a segunda cidade do país, deixaram ao menos 11 civis mortos, de acordo com uma autoridade local.

Imagem de satélite mostra o desdobramento de forças terrestres em Zdvyzhivka, noroeste de Kiev, Ucrânia, ontem (28)/ Satellite image ©2022 Maxar Technologies via AP

Rússia atacou a Ucrânia com 56 foguetes e 113 mísseis, diz Zelensky                                                                O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse em pronunciamento hoje (28) que em cinco dias a Rússia atacou a Ucrânia com 56 foguetes e 113 mísseis de cruzeiro

Ele disse ainda, em uma transmissão, que após o bombardeio de Kharkiv, no nordeste ucraniano, que é necessário considerar esta uma zona de exclusão aérea.

Zelensky acusou a Rússia e disse que um Estado que comete crimes de guerra não deve ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky durante pronunciamento/Divulgação/via AFP

“Kharkiv é uma cidade pacífica, há áreas residenciais, não há instalações militares. Dezenas de testemunhas relataram que não se trata de um erro por acaso, mas de destruição deliberada de pessoas. Os russos sabiam onde estavam atirando”, falou o presidente ucraniano.

Nove civis morreram durante ataque
Ihor Terekhov, prefeito de Kharviv, disse durante pronunciamento que ao menos 9 civis morreram durante os ataques russos à cidade nesta segunda-feira. Entre as vítimas estão 3 crianças.

“Hoje tivemos um dia muito difícil. Isso nos mostrou que não é apenas uma guerra, é um massacre do povo ucraniano”, disse ele em sua conta no Telegram.

“Os mísseis atingiram prédios residenciais, matando e ferindo civis pacíficos. Kharkiv não vê tantos danos há muito tempo. E isso é horrível”, disse ele.

União Africana está preocupada com o tratamento racista a refugiados
A União Africana (UA) se declarou “preocupada” nesta segunda-feira (28) com a forma potencialmente “racista” como os africanos que tentam escapar da Ucrânia estão sendo tratados após a invasão da Rússia.

Os governos dos países africanos tentam ajudar seus cidadãos a fugir da Ucrânia para países vizinhos como a Polônia.

As acusações de comportamento racista vêm crescendo nas fronteiras da Ucrânia, com vários africanos alegando que foram impedidos de passar ou embarcar em trens e ônibus com destino à fronteira.

ONGs dizem que houve uso de bomba de fragmentação na Ucrânia
A Anistia Internacional afirmou, nesta segunda-feira (28), que houve o uso de bombas de fragmentação na Ucrânia, que teriam provocado a morte de civis e pediu a abertura de uma investigação por “crime de guerra”.

De acordo com a ONG, uma escola em Okhtyrka, no nordeste da Ucrânia, sofreu o impacto destas bombas, proibidas em 2010 por uma convenção internacional, da qual nem Rússia nem Ucrânia são signatárias.

Três pessoas, entre elas uma criança, teriam morrido na explosão, disse a Anistia, em um comunicado divulgado no domingo (27).