Baleado na cabeça, Kaio Guilherme, de 8 anos, teve morte confirmada pelos médicos

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Kaio estava internado em estado grave no CTI do Hospital Pedro II/Reprodução/Redes sociais

O menino Kaio Guilherme da Silva Baraúna, de 8 anos, não sobreviveu e teve a morte confirmada na noite do último sábado (24). Ele estava internado em estado grave no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.

Na última terça-feira, os médicos realizaram exames neurológicos na vítima e os resultados foram inconclusivos. No sábado foram realizados esses novos procedimentos para conferir o fluxo sanguíneo, que confirmam a morte.

Inconsolável, A mãe do menino, Thais da Silva, de 29 anos, disse que os órgãos do filho serão doados. “A gente está fazendo o possível para entender os planos de Deus. E, se Deus achou que seria melhor assim, a gente aceita. Talvez o propósito disso tudo tenha sido salvar outras vidas. O meu filho se foi, mas eu aceitei a doação de órgãos, e sei que esses órgãos vão ajudar outras crianças. Deus levou uma vida para salvar outras”, diz a professora.

Vítima de bala perdida
Kaio foi baleado na cabeça, na tarde de sexta-feira (16), enquanto participava de uma festa infantil, em um centro de reforço escolar, na Vila Aliança, Zona Oeste do Rio. O menino aguardava na fila para fazer uma pintura artística quando a mãe do menino, professora na unidade, o viu caído no chão.

No sábado (17), Thais contou que não tinha nenhum confronto na comunidade naquele momento. “No primeiro momento pensamos que foi uma queda, mas depois ficamos sabendo que havia uma perfuração, sendo que não tinha confronto na comunidade. Não ouvimos tiro nenhum e por isso acreditamos que tenha vindo de outro lugar”, afirmou Thaís.

A dona da escolinha de reforço, Andrezza Lima, que também estava na confraternização, disse que o menino foi socorrido por um vizinho, e que não desconfiou que Kaio havia sido baleado por não ouvir nenhum disparo no local.

Polícia intima homem que cumpriu pena por tráfico
A Polícia Civil trabalha com a hipótese principal de que a bala foi disparada por um homem ligado a um grupo de traficantes da Vila Kennedy. Segundo o delegado Luís Maurício Armond Campos, da 34ª DP (Bangu), o homem cumpria pena por tráfico de drogas até cerca de um mês e meio antes da morte de Kaio Guilherme. Ele já foi intimado a prestar depoimento e deve comparecer à delegacia na próxima terça-feira.

Cem crianças baleadas no Rio
Um levantamento da plataforma Fogo Cruzado mostrou que 100 crianças foram baleadas na Região Metropolitana do Rio entre 2016 e 2021. O estudo também apontou que Bangu foi o bairro com mais crianças atingidas nestes quase 5 anos, foram cinco vítimas. E a Vila Aliança, comunidade que Kaio foi baleado, empatada com o Morro do Juramento, foi a comunidade com mais vítimas, foram três em cada.

Das 100 vítimas com idade inferior a 12 anos, mapeadas pelo Fogo Cruzado, 29 não resistiram. Do total de vítimas, 39 foram baleadas em ações onde havia a presença de agentes de segurança. Destas, 10 morreram.