Após prisão do homem que utilizava cadela para intimidar vítimas, outras pessoas foram a delegacia registrar ocorrência contra o criminoso

Allan Kardec é um antigo procurado da polícia/Divulgação

Com 15 passagens pela polícia, pelos crimes de roubo, lesão corporal, posse e uso de drogas, desacato, violência doméstica e maus-tratos a animais Allan Kardec Arêas Santos, 42 anos, já era um antigo procurado da polícia.

No último fim de semana ele foi preso por policiais da 14ª DP – delegacia do Leblon, em cumprimento a um mandado de prisão preventiva, pelo crime de roubo. De acordo com as investigações, o homem usava a cadela como instrumento para aterrorizar as pessoas.

“O autor tinha essa cadela e vivia andando pelas ruas de todos os bairros da zona sul, usava o animal como instrumento para colocar medo nas pessoas e assim cometer crimes. Ele tem passagens na polícia desde 1997, e acabou sendo preso por cometer roubo improprio, que é se utilizar do instrumento, ou seja, a cadela, para conseguir roubar objetos,” explicou a delegada, Daniela Terra.

De acordo com a delegada, a cadela embora muito dócil, era treinada a obedecer aos comandos dele para atacar as pessoas.

“A cada ordem dele, Macarena atacava quem ele mandasse. Inclusive atacou dois policiais, um militar e uma civil. Cumprimos o mandado de prisão preventiva. Importante lembrar que representamos também pela busca e apreensão do animal, que está em poder da Subsecretaria Estadual de Proteção e Bem-Estar Animal. Inicialmente a cadela foi para um lar temporário e em seguida encaminhada para um local, onde está sendo cuidada com todo amor que merece. Lembrando que o novo tutor assinou um termo de “fiel depositário” – quando é dada a alguém a atribuição de guardar um bem durante um processo judicial, ou seja, apenas a justiça pode retirar esse animal de lá”, detalhou Daniela Terra.

O caso ganhou ainda mais repercussão, quando uma policial civil, registrou ocorrência na delegacia, após ter sido vítima do suspeito, que na ocasião, teria tentado roubar o cachorro dela, na praia.

Novas vítimas

Mas na última sexta-feira (30/07), de acordo com a delegada, outras vítimas estiveram na delegacia para registrar ocorrência contra Allan Kardec, além das várias anotações de ataques com o cão, existentes no inquérito.

As vítimas com medo de aparecer, preferiram não gravar entrevista, mas o produtor de cinema de 40 anos que também passou pela mesma experiência, aceitou falar por telefone e contar sua história que aconteceu em 2020, o que prova que Allan Kardec agia naquela área há muito tempo.

“Ele começou a aparecer na Praça Pio XI no Jardim Botânico, e volta e meia o via usando drogas durante o dia, na presença de várias crianças. Certa vez pedi para ele fazer aquilo em outro local, mesmo contrariado, saiu. Não passou muito tempo ele retornou já com o cachorro. Pedi novamente para não usar drogas perto das crianças, quando de repente ele soltou o cachorro que veio direto em minha direção e me mordeu. Tentei chegar perto do Allan e animal não deixou. Ficou nítido o que o cão o defendia, e o mesmo o usava como uma arma”, explicou a vítima.

O produtor disse que depois desse fato continuou vendo Allan pelas ruas do bairro sempre envolvido em algum problema. “Conheço varias pessoas que foram abordadas e intimidadas por ele, davam até dinheiro com medo do animal, um amigo chegou a gravar um vídeo dessa cena. Na época, fui ao hospital, tomei a vacina antirrábica por conta da mordida”.

A polícia espera que outras pessoas procurem a delegacia para registrar ocorrência contra Allan Kardec, caso tenham sido vítimas dele de alguma forma.